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porto velho, sexta-feira 29 de março de 2024
Depois de mais de um ano de pandemia, está claro que não sairemos dela sem essa correlação de isolamento social horizontal e de vacinação em massa. A resistência a uma tal receita ainda é feita, no máximo, por pessoas completamente alheias aos prognósticos tanto científicos quanto inclusive de senso comum. Sob nenhuma hipótese voltaremos à pujança das atividades econômicas e a uma rotina cotidiana de vida – esportes, festas, lazer, cultos religiosos, aulas nas escolas e nas faculdades, consumo em lojas – sem que esse vírus e sua disseminação sejam controlados.
Como disse acima, é uma questão de senso comum mesmo: se estivermos na rua, nos contaminaremos e contaminaremos a outras pessoas, familiares, amigos e desconhecidos; quanto mais pessoas na rua, mais contaminações e mortes, mais esgotamento da infraestrutura hospitalar. E já vimos, aliás, que tanto a estrutura hospitalar pública quanto a estrutura hospitalar privada estão exatamente esgotadas, ao ponto de o Hospital Sírio Libanês e o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, extremamente caríssimos, estarem com fila para internação em UTI. Se esses estão com filas, imaginemos os demais, os hospitais públicos em especial. No mesmo diapasão, além do esgotamento já massivo, aumentaram as mortes de profissionais da saúde, expostos dia após dia a doentes infectados. Por outras palavras, simplesmente não é possível voltar à normalidade, em termos de um “liberou geral” das atividades socioeconômicas.
É por isso que o governo federal precisa entrar com seu time em campo e, principalmente, seu capitão necessita mudar urgentemente de postura. Ele tem de vir a público e encampar o trabalho com governadores e prefeitos, inclusive com o legislativo federal, em termos, primeiramente, de orientar os brasileiros a se cuidarem e a cuidarem dos demais, a ficarem em casa e a assumirem uma postura incisiva de cuidado profilático. Segundo, ele deve colocar a máquina do Estado a trabalhar a questão socioeconômica: auxílio emergencial e oferta de financiamentos por parte dos bancos públicos se colocam como questões fundamentais.
Sobretudo, o presidente, como capitão geral da nação, por assim dizer, precisa usar de bom senso, sensibilidade e racionalidade; precisa ouvir a ciência e precisa ser capaz de gestão pública, organizando, juntamente com o legislativo, os governadores e os prefeitos, uma atuação macroestrutural que possa frear a transmissão do vírus no curto prazo e, no médio, garantir vacinação em massa para todos. Agora é hora da união entre racionalidade política e racionalidade científica, como, aliás, sempre deveria ser em uma democracia que evolui por meio de suas duas mais poderosas forças, o conhecimento e a ação política.