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    porto velho, sábado 20 de abril de 2024

Polícia investiga arcebispo de Belém por abusos sexuais

Os relatos mostram que quando os ex-seminaristas resistiam, o arcebispo ficava agressivo, os maltratava e fazia ameaças.


Assessoria

Publicada em: 04/01/2021 16:51:30 - Atualizado

Quatro ex-integrantes de um seminário de padres de Belém dizem que foram vítimas de abusos sexuais da maior autoridade religiosa do estado do Pará, o arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira Corrêa. Os quatro ex-seminaristas formalizaram as denúncias ao Ministério Público em agosto do ano passado, mas o caso só foi revelado agora.

Na época dos supostos abusos sexuais, eles tinham entre 15 e 20 anos de idade, e os crimes teriam acontecido entre 2010 e 2014.

Segundo as denúncias trazidas pelo jornal El País, em dezembro, Dom Alberto Taveira Corrêa, de 70 anos, chamava os então seminaristas para atendimentos particulares, uma orientação espiritual, na casa dele, e não na arquidiocese.

Os relatos apontam que no início o religioso fazia perguntas íntimas sobre sexo e tentações. Ainda de acordo com as denúncias, o religioso prometia um tratamento para uma suposta cura da homossexualidade. Em alguns casos, segundo os jovens, eles eram obrigados a ficar nus na frente do arcebispo e eram abusados.

Os relatos mostram que quando os ex-seminaristas resistiam, o arcebispo ficava agressivo, os maltratava e fazia ameaças.

A Polícia Civil abriu um inquérito, que corre em segredo de justiça. No início de dezembro, antes da publicação da matéria do El País e da reportagem do Fantástico, Dom Alberto já havia se pronunciado sobre os supostos abusos:

“Digo a vocês que recebi com tristeza há poucos dias a notícia da existência de procedimentos investigativos com graves acusações contra mim, sem que eu tenha previamente questionado ou tido qualquer oportunidade para esclarecer os fatos das acusações”.

Após as revelações, os padres Marcelo Rossi e Fábio de Melo demonstraram apoio ao arcebispo de Belém. E os dois religiosos foram muito criticados nas redes sociais por defenderem Dom Alberto.O Ministério Público do estado do Pará disse que as denúncias foram distribuídas aos promotores de justiça, que aguardam a conclusão do inquérito policial.

A Arquidiocese de Belém ressaltou que, antes da divulgação das denúncias, o arcebispo já havia se pronunciado.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil afirmou em nota que espera que os fatos sejam esclarecidos. "A CNBB não foi oficialmente informada sobre os fatos mencionados em sua consulta. Ela tem conhecimento da carta do arcebispo de Belém, dom Alberto Taveira Corrêa, dirigida ao clero daquela arquidiocese e também do vídeo que ele dirige ao povo de Deus. Nestes dois pronunciamentos o arcebispo explica, claramente, que processos estão em curso. Na Igreja, há instâncias competentes para receber e averiguar denúncias, segundo os protocolos estabelecidos pela Santa Sé, válidos para a Igreja no mundo inteiro, em base à verdade e à justiça. Essa não é uma atribuição das Conferências Episcopais. A CNBB espera que os fatos sejam apurados pelas autoridades civis e religiosas competentes. Que tudo seja esclarecido, para o bem de todos."


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