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    porto velho, quinta-feira 18 de abril de 2024

Ex-marido acusado de assassinar professora será interrogado pela justiça

Ueliton Aparecido, de 35 anos, será ouvido no dia 17 de maio, na 2ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Porto Velho. Joselita Félix foi morta a pauladas no dia 17 de março.


G1RO

Publicada em: 08/05/2019 17:35:45 - Atualizado


PORTO VELHO - RO Ueliton Aparecido da Silva, de 35 anos, será interrogado pela Justiça no dia 17 de maio, na 2ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Porto Velho, a partir das 8h30. Ele é acusado de matar a professora e ex-companheira Joselita Félix, então com 47 anos, a golpes de madeira – a maioria das pauladas acertaram a cabeça da educadora – em março deste ano.

O juiz José Gonçalves da Silva Filho, que designou o interrogatório, também intimou as testemunhas envolvidas no caso para prestarem depoimento no mesmo dia.

Ueliton foi acusado pelo Ministério Público de Rondônia (MP-RO) de tentativa de homicídio e feminicídio. Segundo o MP, o réu matou Joselita por motivo torpe e de forma cruel, "considerando que tinha muito ciúmes" da professora. A vítima e o acusado ficaram juntos há cerca de 3 anos.

Conforme a denúncia, Ueliton, inconformado com o término do relacionamento com a vítima, foi até a casa do pai dela, Francisco Félix, de 74 anos, no dia do crime.

Primeiro, o acusado arrombou a porta da residência e, com uma faca, desferiu golpes contra o idoso. Depois, pegou um pedaço de madeira usado para fechar a porta e agrediu inúmeras vezes a professora.

G1 não conseguiu contato com a defesa de Ueliton, que será feita por um defensor público.

Joselita e Ueliton estavam juntos há três anos — Foto: Facebook/Reprodução

Joselita e Ueliton estavam juntos há três anos — Foto: Facebook/Reprodução

A reportagem acionou, ainda, a Secretaria de Justiça de Rondônia (Sejus) para saber onde o acusado segue detido. Porém, até o fechamento desta matéria, o órgão não respondeu o questionamento.

Dois dias após o crime, a Justiça determinou que Ueliton continuasse preso. A decisão foi tomada durante uma audiência de custódia, que ocorreu no Fórum Criminal da Comarca de Porto Velho. Na época, ele estava preso na unidade prisional Pandinha, na capital.

Morte de Joselita Félix

Manifestantes se reuniram para protestar contra assassinato da professora Joselita Félix, em Porto Velho.  — Foto: André Felipe/Rede Amazônica

Manifestantes se reuniram para protestar contra assassinato da professora Joselita Félix, em Porto Velho. — Foto: André Felipe/Rede Amazônica

O crime aconteceu na manhã do dia 17 de março, um domingo, em Candeias do Jamari. Joselita, vítima de feminicídio, não resistiu aos ferimentos na cabeça e morreu minutos depois de ser agredida.

Um dia antes de ser assassinada, a educadora mandou áudios para uma amiga dizendo que pretendia entrar com uma medida protetiva contra Ueliton.

O caso ganhou destaque na edição do dia 24 de março deste ano do Fantástico, além de ter gerado forte repercussão e revolta da população.

O prefeito Hildon Chaves (PSDB), de Porto Velho, chegou a divulgar uma nota em sinal de luto lamentando a morte da servidora pública. Entidades da capital também se manifestaram através de comunicados sobre o assassinato de Joselita.

Sepultamento de Joselita foi acompanhado por amigos — Foto: Cássia Firmino/G1

Sepultamento de Joselita foi acompanhado por amigos — Foto: Cássia Firmino/G1

Nas redes sociais, internautas postaram mensagens clamando por Justiça à educadora. Uma aluna postou no dia do crime que Joselita fazia questão de motivar os alunos a estudar.

"Nos acompanhou, nos viu crescer. Nos estimulava a estudar. Às vezes umas brigas, uns puxões de orelha, mas muita alegria, aprendizado e comilança", relembrou.

A comoção pelo caso se estendeu no sepultamento da professora, que contou com a presença de amigos, familiares e alunos que conviveram e aprenderam com Joselita. O crime também levou centenas de pessoas às ruas de Porto Velho, em protesto pela morte da mulher.

Em uma dessas manifestações, mulheres estenderam cartazes no chão com a frase "parem de nos matar" e acenderam velas.


Sala de aula

Aos 47 anos, Joselita era servidora municipal de Porto Velho, mas atualmente morava em Candeias do Jamari para cuidar dos pais, um casal de idosos.

Joselita Félix era graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Rondônia desde 1992 e também tinha bacharel em Direito pela Faculdade de Ciências Humanas, Exatas e Letras de Rondônia (2007).

Lei do Feminicídio

A Lei nº 13.104, conhecida como a Lei do Feminicídio, foi sancionada em março de 2015 pela então presidente Dilma Rousseff. Ela incluiu o crime no Código Penal Brasileiro como uma modalidade de homicídio qualificado, entrando, assim, na lista de crimes hediondos.

A justificativa para a necessidade de uma lei específica aos crimes relacionados ao gênero feminino está no fato de grande parte dos assassinatos de mulheres nos últimos anos serem cometidos dentro da própria casa das vítimas, muitas vezes por companheiros ou ex-companheiros.


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