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Crônica de Fim de Semana - Salve as Mulheres no seu dia - Arimar Souza de Sá

A mulher é como o espelho d’água: é lindo, mas não se deixa decifrar.


Publicada em: 08/03/2020 12:35:38 - Atualizado

CRÔNICA DE FIM DE SEMANA

SALVE AS MULHERES NO SEU DIA

-Arimar Souza de Sá

A mulher é como o espelho d’água: é lindo, mas não se deixa decifrar.  

É que o enigma está no coração!

                                                         Jonathas

Não deve ser fácil ser mulher, máxime nos países de terceiro mundo, onde no vértice da pirâmide são poucas e, na base, milhões de outras sofrem nessa “longa estrada da vida”, como dizia o cantor e poeta José Rico.

No passado, as famílias dedicavam especial atenção às mulheres. De sua virgindade, cuidavam o pai, a mãe, o avô, a avó, os irmãos, os tios, os primos, o padre, o vizinho, o barbeiro, e até o engraxate tirava uma "casquinha," dando brilho nos sapatos, no banco das praças.

Eram vigiadas, para não ficarem “mal faladas”, adornadas, acariciadas e mimadas, tudo para o casamento com o príncipe encantado.

A festa de quinze anos era a apresentação à sociedade de uma candidata pronta para integrar o convívio dos adultos. Por isso, as chamavam de princesas.

A flecha, porém, da ilusão temporal, levou a inocência e pregou nas nuvens e, como um raio, implodiu do seu corpo a candura juvenil, para transformá-la em mulher.

Na sequência, veio o tempo, como nuvens carregadas, e rompeu-lhe a ingenuidade de vez, mas abriu os seus olhos para o universo da dura realidade da competição, muitas das vezes desleal, no mercado de trabalho e na vida.

No Nordeste de terras esturricadas, tostadas de sol e de olhos vagantes para as estrelas, deram-lhe a foice e a enxada para extrair o mandacaru e as batatas da terra, para saciar a fome.

Nas caatingas, ainda, com a revoada dos “machos” para São Paulo, em busca de uma vida melhor, sem deixar-lhes nada, elas se amontoavam em seus humildes casebres com a filharada que ficou. De barriga em barriga, às vezes, dez se “ajeitavam” como dava, numa só cama ou no chão, “esgrimindo” contra a fome, o medo e a dor.

Sem travesseiros, sem colo e sem sorte – essa é a mulher do sertão, a criatura que se rompe em dores nas mãos de parteiras para expulsar o “bruguelo”. Mulher de pulso de aço, de valentia solar, que não tem dia, não tem hora, não tem amor, mas tem Deus no coração... Salve!

A mulher do Norte, de sofrimentos ante a atrocidade das intempéries, também não foge à luta de ser mãe. Abraça o amanhecer com ternura, faz os deveres da casa, de mãe e os de mulher, sem reclamar. Salve!

Na colheita ou na plantação nas vicinais dos ermos caminhos de Cabixi ou de Corumbiara, elas são como os esteios fincados ao longo do caminho, sustentando a fiação para levar a luz aos confins do sertão rondoniense. Salve!

É a mulher que ainda geme de dor nessa cruzada milenar de procriar, por isso, é o novelo de linha através do qual Deus solta o carretel, com as nuvens do céu, para molhar de humanidade o solo desta terra. Salve!

Nas canoas dos rios Madeira ou Guaporé, elas se transformam em remadoras para levar os filhos às escolas, para pescar o peixe e alimentá-los, assim como faz o tuiuiú, na época de cuidar de suas ninhadas, planando por sobre as árvores seculares, em busca de alimento para suas crias. Salve!

Mulher, mãe verdadeira, com ou sem dentes, nos confins dos pântanos ou em qualquer lugar da terra, ainda mastiga o amor. Salve!

Na tribo do “homo sapiens” já se encontram centenas de mulheres disputando espaço, ombro a ombro, com os homens. São funcionárias públicas, comerciárias, bancárias, juízas, promotoras, procuradoras, jornalistas, engenheiras, advogadas, do lar. Todas elas, seja no ápice da pirâmide ou nos caminhos insólitos das vicinais, são iguais no dimensionar da criação. Salve!

Salve as mulheres do Sul, cujo emblema é Anita Garibaldi, são elas que, desossadas do medo, caminham ainda pelas sendas dos castelhanos, imaginando-se guerreiras de garrucha presa à cinta, mas que, também, semeiam a humanidade, seja na estrada ou nos campos de batalha, na procriação da espécie.

Salve as mulheres do sudeste que, até por questão geográfica, têm uma maior visibilidade no Brasil. São cantoras, doutoras, professoras, artistas que brilham nos palcos para o deleite de seu público.

Salve, especialmente, também, aquelas que se amontoam nas favelas e guetos, e na luta constante de sobreviver vão dando outras vidas na lâmina secular da noite, onde se constroem os homens do futuro incerto.

As mulheres, desde a minha mãe, sempre me fascinaram. Elas são meu talismã, a argila do bem que constrói o mundo.

Todas elas, nessa cruzada infinita de amor, ainda são a colcha que segura a trepidação dos canhões nas guerras entre os homens. São as mães dos soldados e generais, dos da esquerda ou da direita, dos bons ou dos maus.

Nessa latitude ampla de espraiamento desta sublime função que Deus lhes atribuiu, podemos dizer, sem rasuras na escrita: a mulher é o maior presente que o Criador nos deu.

Mas, no dia a dia do Brasil, lamentavelmente, muitas mulheres/mães ainda vêm sendo judiadas por seus irracionais companheiros, mas é preciso coibir com firmeza.

Porque se flores estão sendo maltratadas –  PAZ – para que elas  continuem a  exalar seu  perfume, o da melhor fragrância, para o mundo e para o deleite de todos nós.

Salve a Mulher!...

AMÉM!


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