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Baterista do RPM Paulo P.A. é velado em Araçariguama

Músico morreu aos 61 anos, na manhã de sábado (22), por insuficiência respiratória e broncopneumonia


G1

Publicada em: 23/06/2019 11:40:29 - Atualizado

SÃO PAULO - O baterista Paulo P.A. Pagni, da banda RPM, está sendo velado neste domingo (23) em Araçariguama (SP), cidade onde morava. O músico morreu na manhã desse sábado (22) por insuficiência respiratória e broncopneumonia, segundo o Hospital São Camilo, em Salto (SP), onde P.A. estava internado desde 14 de maio.

O velório do músico é realizado na Rua Aparecida, 164, bairro Vila Nova. O enterro está previsto para as 12h deste domingo, no cemitério municipal. Pagni, baterista da banda RPM desde 1985, completou 61 anos no dia 1º de junho.

Além de amigos e familiares, os atuais integrantes da banda RPM, Luiz Schiavon, Fernando Deluqui e Dioy Pallone, estiveram presentes no último adeus de P.A. Durante a manhã, o velório reuniu cerca de 50 pessoas.

"Ele podia estar em show ou na praça, era igual com todo mundo. Era alegre, humilde e amava os animais. Todo mundo em Araçariguama gostava dele", conta Rafael Ramos de Jorge, amigo de Paulo há mais de 10 anos.

"Ficou 38 dias em coma, em estado grave. A situação era difícil de reverter, mas a gente tinha esperança. A esperança é a última que morre, mas infelizmente ele não reagiu à medicação. A gente está muito triste. Todo mundo gostava dele na cidade", conta a prima Edna Bachiega Rossi.

De acordo com ela, o baterista morou em Araçariguama durante cerca de 15 anos com cinco cachorros e não teve filhos. Edna é a única parente dele que ainda vive na cidade.

Músico é velado em Araçariguama na manhã deste domingo (23) — Foto: Ana Beatriz Serafim/G1

O músico Júnior Boogil, que trabalhou com P.A. em Araçariguama, conta ao G1 que o amigo sempre teve o sonho de nunca deixar a banda RPM morrer. Juntos, eles tinham um projeto social chamado "Rock Histórias", que levava música para escolas carentes.

"A gente mostrava que o rock'n roll não era só atitude rebelde, era vivacidade e amor. Ele nunca deixou de acreditar que o RPM podia voltar ao auge dos anos 80", lembra.

Gleide Victória, Lucas Carreiro, Renata Anjos e Júnior Corrêa são membros do fã clube do RPM e estiveram no velório de P.A. "Ele trouxe os fãs para dentro da banda. Pessoas que nunca se viram criaram relação de amizade e amor através dele. Gratidão e amém são palavras que nunca saíram da boca dele."

Durante o velório, fãs fizeram uma homenagem ao baterista e escreveram "gratidão e amém" na baqueta, ferramenta utilizada pelo baterista nos shows.

"Ele se dedicava muito no que fazia e era muito querido na cidade de Araçariguama. Estamos muito tristes, porque eles estavam voltando com a banda agora", comenta o produtor de eventos Adolfo Lembo, que era amigo do músico há 16 anos.

O baterista estava internado em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Camilo desde 14 de maio. P.A. deu entrada na unidade com infecção pulmonar, apresentando dificuldade respiratória e recebendo ventilação por traqueostomia. Ele havia sido diagnosticado com fibrose pulmonar.

Amigos e familiares se despedem de Paulo P.A. Pagni em Araçariguama — Foto: Ana Beatriz Serafim/G1

Homenagens

A banda RPM postou uma nota em seu perfil no Facebook lamentando a morte do músico. "Nosso querido amigo P.A resolveu definitivamente descansar de sua brava luta pela vida. Partiu hoje em decorrência do agravamento das suas condições respiratórias devido à forte pneumonia que o atingiu. Fomos pegos de surpresa e tomados pela tristeza quando soubemos de sua partida há pouco", publicou a banda.

Banda RPM publicou nota sobre falecimento do músico Paulo Pagni — Foto: Facebook/Reprodução

Trajetória

A morte do músico paulistano Paulo Antônio Figueiredo Pagni (1º de junho de 1958 – 22 de junho de 2019), o baterista conhecido como P.A. e eternizado na formação clássica do grupo RPM, faz lembrar como o sucesso no universo pop às vezes acontece pelo que pode ser chamado de acaso ou destino.

P.A. nem aparece na capa do primeiro álbum do RPM, "Revoluções por Minuto", lançado em 1985. É que P.A. gravou o disco como músico convidado do grupo para suprir a lacuna aberta com a saída de Charles Gavin – este, sim, o músico recrutado para ser baterista do RPM.

Só que Gavin preferiu assumir as baquetas do grupo Titãs e saiu do RPM. Paulo P..A. Pagni foi arregimentado em janeiro de 1985, gravou o álbum de estreia do RPM, foi oficializado na sequência como baterista do grupo e entrou para a história do pop nacional.

P.A. viveu toda a fase de egolatria do RPM, alçado à condição de fenômeno pop do Brasil em 1986, com o vocalista Paulo Ricardo celebrizado como o símbolo sexual do país. O grupo RPM fazia um tecnopop que surfava na onda do som sintetizado da década de 1980. A marcação da bateria de P.A. nem sempre ficava evidenciada nos discos, mas o músico era respeitado como baterista.

A reboque do RPM, P.A. foi do céu reservado aos grande vendedores de discos ao inferno das brigas provocadas cotidianamente quando o sucesso infla os egos.

P.A. não integrou todas as formações do RPM. Saiu da banda em 1987, voltou em 1988, permaneceu até a ruptura de 1989 e, nos anos 1990, foi substituído por Marquinhos Costa na tentativa frustrada de ressuscitar a banda com Paulo Ricardo em 1993. Mas, além de ter estado ao lado de Paulo Ricardo no grupo PR-5, esteve reintegrado ao grupo nas voltas de 2001, 2007 e no bem-sucedido retorno de 2011.

Deste ano em diante, o grupo sempre esteve em cena com P.A. na bateria. Paulo Ricardo saiu e brigou na Justiça pelos direitos do nome RPM. Na briga, P.A. ficou ao lado do guitarrista Fernando Deluqui, do tecladista Luiz Schiavon e do novo vocalista Dioy Pallone.

Com a morte de P.A., o RPM nunca mais poderá reeditar a formação clássica dos anos 1980, década em que Paulo Pagni também embarcou na egolatria provocada pela exposição desmedida do grupo.

Passada essa fase de turbulência, P.A. também acalmou, sendo reconhecido no meio musical como um cara educado e querido por todos.


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