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Brumadinho e os efeitos sociais da tragédia - Por Ariadne Dias de Sá


Publicada em: 28/02/2019 17:45:07 - Atualizado

BRUMADINHO E OS EFEITOS SOCIAIS DA TRAGÉDIA - Por Ariadne Dias de Sá

No final do mês de janeiro de 2019, os telejornais e sites noticiam um desastre ocorrido no município mineiro de Brumadinho, anunciou-se o rompimento de uma barragem da empresa Vale, comprometendo a vida da população que ali vivia, bem como do meio ambiente, uma vez que litros de lama inundaram a cidade e assolaram vidas que estavam pela frente.

Quase um mês depois, o movimento Estudantil do DCJ promoveu uma palestra cujo tema era a Questão ambiental e a banalização da vida humana pelo capital, com a colaboração de docentes e participação de discentes no auditório. 

Lá se discutiu o caso de Brumadinho, onde ocorreu o rompimento de uma barragem de rejeitos que destruiu não só a vegetação local, mas também dizimou vidas e deixou vários desaparecidos, que foram soterrados pela grande quantidade de lama, dentre os mortos trabalhadores da empresa Vale, tornando tal acontecimento como o maior desastre trabalhista do país.

A Vale, empresa brasileira de mineração, com grande destaque nacional, emprega uma numerosa quantidade de pessoas. No entanto, atua de maneira criminosa e com ausência de fiscalizações tanto por parte da empresa quanto por parte dos órgãos públicos responsáveis por averiguar a preservação de tais barragens e apresentar relatórios eficientes da real situação do local, uma vez que elas são suscetíveis a desabamentos a todo instante.

Não obstante aos impactos ambientais sobre o bioma da região, ao rio próximo e a possível morte de animais aquáticos devido à água poluída, há um efeito social: o óbito de trabalhadores que ali viviam. Entre essa população e a empresa mineradora existia um elo, uma dependência econômica, pois ela empregava tais trabalhadores, que tiveram suas vidas ceifadas nesse desastre.

Para Marilena Chauí, filósofa brasileira, esse elo entre empresa e trabalhadores se constitui através de uma ideologia estabelecida, ou seja, a ideologia das classes dominantes, pois legitimam e infundem suas próprias ideias, conservando seu poder social, econômico e político sobre a classe dominada. Dessa forma, o que acontece aos homens é uma ocultação sobre o modo de produção das relações sociais desiguais e a exploração econômica.O que ocorre é que os detentores de capital determinam os fins da produção, restando apenas à necessidade, é o que Marilena chama de Ideologia do trabalho livre e o efeito dessa ideologia se revela quando o empregado não se reconhece no produto final de seu próprio trabalho. Assim, o capital ganha força, fazendo com que o homem tenha que aceitar a ordem de exploração.

Por fim, esse desastre mostra o quão deficitária é a fiscalização sobre essas empresas, além de exibir o descaso em relação à responsabilidade, ao direito ambiental e a impunidade de culpados.

Ariadne Dias de Sá - É estudante de Direito em João Pessoa






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