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Eleição para presidente do Uruguai terá segundo turno

Governista Daniel Martínez disputará manutenção da centro-esquerda no poder contra o oposicionista Luis Lacalle Pou


g1

Publicada em: 28/10/2019 09:12:57 - Atualizado

URUGUAI - O Uruguai terá segundo turno na eleição presidencial, segundo resultados confirmados na madrugada desta segunda-feira (28). O governista Daniel Martínez disputará o cargo com o oposicionista Luis Lacalle Pou em 24 de novembro. De acordo com a Corte Eleitoral uruguaia, a taxa de comparecimento chegou a 90% – o que a instituição considerou "histórica".

No segundo turno, Martínez tentará manter a Frente Ampla na presidência do Uruguai – a coalizão de partidos esquerdistas está no poder desde 2005. Ele terá a oposição do advogado Lacalle Pou, que tenta recolocar a direita no governo do país.

Uruguaio vota em Montevidéu, capital do Uruguai, nas eleições gerais do país deste domingo (27) — Foto: Matilde Campodonico/AP Photo

Os uruguaios também foram às urnas votar para deputado e senador, e o próximo presidente terá de compor coalizão para conseguir apoio nas duas casas. De acordo com o "El País", nenhum partido conseguiu maioria absoluta. Esse cenário também favorece Lacalle Pou, uma vez que tanto o Partido Colorado e o Cabildo Abierto – partidos dos dois principais candidatos derrotados – devem apoiá-lo no segundo turno. Assim, caso a Frente Ampla se mantenha na presidência, Martínez provavelmente terá minoria no Congresso.

Segundo a agência EFE, o ex-presidente Jose "Pepe" Mujica voltou ao Senado como o mais votado da Frente Ampla. Ele deixou o cargo em 2018, mas decidiu se candidatar e retornar.

As eleições presidenciais e parlamentares acontecem ao mesmo tempo que na Arentina, em um contexto de instabilidade regional, com questionamentos aos resultados da votação na Bolívia, protestos de rua em massa no Chile e no Equador.

A votação também ocorreu em meio à comoção gerada pelo anúncio de que o atual presidente, Tabaré Vázquez, está em tratamento contra um câncer de pulmão. Ao votar neste domingo, o mandatário disse: "Tenho esperança e desejo de poder colocar a faixa presidencial no próximo presidente da República".

Reforma na segurança

A pesquisa boca de urna indica que o projeto de reforma constitucional na segurança pública – votada em plebiscito juntamente à eleição presidencial – não será aprovado por uma pequena margem. Segundo boca de urna, a proposta obterá entre 46% e 47% dos votos, insuficiente para entrar em vigor. Nenhum dos presidenciáveis apoiou a ideia.

O pacote de medidas incluía:

  • criação de uma Guarda Nacional militar que terá poder de polícia
  • adoção da prisão perpétua
  • fim da progressão de pena em alguns casos
  • possibilidade de operações de busca à noite, com autorização judicial

Disputa no segundo turno

Luis Lacalle Pou acena após votar nas eleições do Uruguai neste domingo (27) — Foto: Mariana Greif/Reuters

Os dois candidatos que se enfrentam em 24 de novembro terão menos de um mês para angariar votos e vencer as eleições presidenciais. A chave será conquistar os eleitores dos presidenciáveis derrotados ainda no primeiro turno.

Presidenciável Daniel Martínez chega a local de votação nas eleições uruguaias em Montevidéu neste domingo (27) — Foto: Andres Cuenca/Reuters

Assim, Lacalle Pou leva ligeira vantagem sobre Martínez. Apesar de ficar cerca de 10 pontos percentuais atrás do governista no primeiro turno, as pesquisas apontam retorno da direita à presidência do Uruguai.

A vantagem de Lacalle Pou se explica porque os dois principais candidatos derrotados têm plataforma política mais alinhada à direita. Talvi, do Partido Colorado, defende maior liberdade econômica; enquanto Manini, do Cabildo Aberto, adota forte discurso por mudanças no Código de Processo Penal e tem grande apoio dos militares uruguaios.

Conheça os presidenciáveis do Uruguai:

Daniel Martínez, Frente Ampla

Daniel Martínez, candidato à Presidência do Uruguai, discursa em ato de campanha em Montevidéu na quinta-feira (23) — Foto: Pablo Porciuncula/AFP

Candidato da situação e ex-prefeito de Montevidéu, Martínez não é visto pela principal coalizão de esquerda como um grande líder tal qual Vázquez e o ex-presidente José "Pepe" Mujica. O desafio a ele aumenta porque, se eleito, ele terá de lidar com cisões dentro da própria Frente Ampla e com um Congresso bastante fragmentado.

"Cada um com sua consciência terá de avaliar quem são as pessoas mais preparadas", disse Martínez após sair a boca de urna, segundo o jornal uruguaio "El País".

Luis Lacalle Pou – Partido Nacional

Luis Lacalle Pou, candidato à Presidência do Uruguai, faz passeata na cidade de Las Pedras na quinta-feira (23) — Foto: Eitan Abramovich/AFP

O advogado é a principal aposta da direita uruguaia para retornar ao poder após 15 anos de governos da Frente Ampla. Filho do ex-presidente Luis Alberto Lacalle (1990-1995), o candidato propõe reequilibrar as contas públicas – o site oficial de campanha acusa o atual governo de acumular dívidas e permitir falência de empresas com capital estatal, como a companhia aérea Pluna, que fechou as operações em 2012.




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