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Documentos desmentem versão do HB que culpa grávida pela própria morte

Para desmentir a versão oficial, vizinhas e familiares que acompanharam a grávida morta dentro do HB apresentaram Prontuário Médico e a Ficha de Encaminhamento da paciente


Rondonoticias

Publicada em: 10/08/2019 11:54:43 - Atualizado

PORTO VELHO RO - As vizinhas M. M. N. R. e M. I. A., esta última cunhada de Luciene Gomes, que morreu após pedir socorro à vizinhas e familiares pelo aplicativo do Whatsapp de dentro do Hospital de Base Ary Pinheiro (HB) de Porto Velho, ficaram indignadas com a versão divulgada na imprensa pela coordenadora da Maternidade do Hospital, nessa quinta-feira (08). 

Para desmentir a versão oficial, elas apresentaram nessa sexta-feira (09) o Prontuário Médico e a Ficha de Encaminhamento, da Maternidade Municipal Mãe Esperança, anexos a matéria, que desmentem documentalmente a tentativa do Hospital de Base de responsabilizar Luciene Gomes pela própria morte.

Segundo a coordenadora, Luciene estava desacompanhada, entretanto, no Prontuário consta o nome de dona M. M. N. R. como responsável e que acompanhou, na ambulância, a transferência ao Hospital de Base. Lá chegando, já estava esperando na entrada do HB  a M. I. A. a cunhada da gestante em trabalho de parto, sendo ambas impedidas de entrarem como acompanhante. Inclusive, alegaram como justificativa, de que nenhuma das duas poderia entrar, porque seriam “idosas”. Detalhe a cunhada da falecida tem 58 anos e não é idosa pela definição legal.

A nota da Maternidade do HB divulga uma grave informação falsa, de que a paciente estaria com 34 semanas de gravidez; entretanto, a Ficha de Pré-natal atesta, na coluna do primeiro atendimento, que em 18/12/2018 ela estava com 53 dias de gravidez. Com isso, um simples cálculo matemático mostra que data do falecimento, em 30/07/2019, a parturiente estava com 277 dias de gravidez ou 39,5 (trinta e nove semanas e meia) de gestação.

Contradições

Consta no encaminhado da Maternidade Municipal consta “37 + 6 d”, que significa 37 semanas e 6 dias de gestação, embora a ficha do Pré-natal comprova que ela estava com mais de 39 semanas. No Prontuário da Maternidade Municipal constam outras importantes informações que poderiam ter salvado a vida de Luciene Gomes: “Asmática PNAR”, esta sigla significa Pré-natal de Alto Risco. Em outro campo: “perda vaginal”, paciente perdendo líquido/sangue. Também “BCF 182”, que é Batimento Cardio Fetal em 182.

Na Ficha de Encaminhamento constam outras relevantes informações: “Já esteve internada na Maternidade e no Hospital de Base por duas vezes (isso durante essa gestação). Registra ainda “DPOC”, sigla para Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Além do alerta sobre estar usando xarope “subtamol”, um potente dilatador pulmonar. O Prontuário registra ainda “BCF taquicárdico”. Ao chegar no HB em desespero, parturiente e vizinhas, imploraram ao médico que atendeu para que fizesse imediatamente a cesariana, tendo este respondido que naquele momento não tinha enfermeira, mas o parto seria feito na manhã seguinte, o que não aconteceu.

Medicamento psiquiátrico

A paciente foi obrigada pelos médicos a tomar duas doses do medicamento psiquiátrico “Haldol”, que tem entre seus possíveis efeitos colaterais: casos raros de morte súbita, rigidez muscular, instabilidade autonômica e alteração da consciência, movimentos involuntários rítmicos da língua, face, boca ou maxilar, tremor, rigidez, excesso de salivação, tromboembolismo venoso (coágulos de sangue nos pulmões e pernas). As vizinhas denunciam a irresponsabilidade do HB, que proibiu a entrada de acompanhante de uma gravidez de alto risco, dopou a parturiente e a deixou ficar sozinha caminhando pelos corredores até desmaiar e morrer.

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Com informações CUT RO


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