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    porto velho, quinta-feira 25 de abril de 2024

A tragédia política do coronavírus desestruturou nossa sociedade!


Por Leno Danner

21/06/2021 15:24:56 - Atualizado

A CPI do coronavírus, em sua dissecação das responsabilidades e das atitudes tomadas (e não tomadas) pelo governo federal no decorrer da pandemia, e a atitude cotidiana do presidente da República em termos de sabotagem, omissão e recusa ao protagonismo mais uma vez em relação à pandemia, nos mostram que há uma tremenda responsabilidade política, institucional e administrativa que pesa nas costas de Jair Messias Bolsonaro e em todos aqueles que assumiram o negacionismo bolsonarista como modus operandi para o não-enfrentamento dessa situação. De fato, várias pesquisas têm nos mostrado que pelo menos metade das mortes, plenamente evitáveis, foram causadas por essa conjunção de sabotagem, omissão, recusa ao protagonismo e incentivo ao negacionismo, assumido em cheio e capitaneado pelo presidente da República.

É nesse sentido que a pandemia do coronavírus assumiu, em nosso país, os contornos de uma tragédia política, sendo por esta amplificada ao ponto dessas mais de 500 mil mortes, as quais, aliás, continuam em um movimento de crescimento constante, ao ponto de estarmos nas vésperas de uma terceira onda, com estimativas de que chegaremos, até outubro deste ano, a 700 mil ou até 800 mil mortos. Por tragédia política, eu quero significar exatamente o fato de que a atitude assumida pelo governo federal, em especial pelo chefe do executivo, Jair Messias Bolsonaro, de sabotagem, omissão, negacionismo e recusa ao protagonismo implicaram seja na fragilização dos esforços de prefeitos e de governadores, seja no atraso, por parte do governo federal, na aquisição de medicamentos, insumos, respiradores, UTIs e vacinas, seja no incentivo deliberado tanto a tratamentos sem eficácia comprovada quanto em atitudes de descuido e de desrespeito a medidas profiláticas básicas. A pandemia do coronavírus, nesse sentido, saiu do horizonte de um tratamento científico sério e se tornou, acima de tudo, uma prática política de produção do caos, da morte e de um negacionismo espúrio que teve e tem no governo federal o seu grande artífice e, por conseguinte, o seu grande culpado.

A consequência dessa força gozada e exercida pelo presidente Jair Messias Bolsonaro em deslegitimar e, ao cabo, em destruir os mais básicos esforços administrativos de enfrentamento da pandemia, bem como em recusar um trabalho científico sério de tematização, planejamento e tratamento do coronavírus, é exatamente a destruição da estabilidade institucional e social. E essa destruição se dá de um duplo modo: (a) a fragilização do Estado democrático de direito, que é, nas palavras e atitudes do presidente, um mero instrumento sem qualquer importância, o qual pode ser derrubado se ele e seu exército assim o quiserem; e (b) a destruição de famílias, os desequilíbrios psicológicos e, finalmente, a redução do índice de bem-estar e de felicidade de nossa sociedade, situação que, aliás, não é causada pelo isolamento social, mas sim pela morte cotidiana e ininterrupta de pessoas que acontece de modo desbragado por causa dessa situação de abandono, negacionismo, sabotagem e omissão do governo federal.

Os entes queridos perdidos representam uma chaga aberta que nunca será minimizada e que sempre nos lembrará que podia ter sido diferente, se tivéssemos um gestor comprometido, um estadista que efetivamente sabe o que é governar para uma coletividade plural e complexa. Talvez um dia voltemos a uma normalidade básica em que poderemos retomar nossa vida e nossas atividades cotidianas hoje perdidas, mas essa normalidade será sempre acompanhada pela anormalidade de uma tragédia que ceifou vidas que poderiam estar ainda entre nós, dando sentido às nossas vidas. Essa dor sempre carregaremos e o grande culpado por isso estará sempre em nossas mentes e corações: Jair Messias Bolsonaro. É por isso, inclusive, que, nos próximos meses, teremos a denúncia formal – e muito provavelmente a condenação – do atual presidente da República Jair Messias Bolsonaro por crimes contra a humanidade, no Tribunal Penal Internacional de Haia.


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