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Os prisioneiros da indecência - por Arimar Souza de Sá / Jornalista e Advogado


Rondonoticias

Publicada em: 14/10/2018 10:31:20 - Atualizado

CRÔNICA DE FIM DE SEMANA - OS PRISIONEIROS DA INDECÊNCIA - POR ARIMAR SOUZA DE SÁ

O resultado das eleições de sete de outubro de 2018 revelou fatos inéditos, onde o eleitor, consciente, principalmente o de Rondônia, pela vez primeira após o advento da chamada Terceira República, baniu as velhas raposas da política brasileira, deixando-as fora do pedestal da cidade de Brasília (“A Ilha da Fantasia”) para retornarem ao minúsculo espaço dos mortais em seus Estados, de onde haviam saído.

Nunca, em tempo algum, a famigerada elite capitulou, como desta vez, pela vontade soberana do povo, através de sua excelência, o voto.

A migração dessa gente será dolorida, posto que galinheiro rico como o de Brasília vai ser difícil de encontrar outro, embora não se duvide que: quem foi raposa, raposa sempre será.

Não obstante, não se tem dúvida, que a fonte primária de inspiração dessa reviravolta histórica das urnas, nasceu em Curitiba.

Ali, deflagrada a Lava-Jato, o juiz Moro, com sua pena, sem pena, lavrou a sentença primeira que serviu de farol para o desmantelar da corja instalada no poder sob o manto da maior orquestração corruptiva que se tem noticia desde o nascimento de Cristo; e essas eleições, quem diria, silenciosamente, referendaram o meticuloso trabalho do magistrado.

Recheado de informações o eleitor votou consciente e estremeceu o mundo dos incautos trapaceiros do País. Não foi preciso fuzis e nem mesmo as guilhotinas – a expulsória se deu no digitar das urnas eletrônicas recheadas pelo voto da esperança. E, assim, num átimo, a decência suplantou o lodo corruptivo, sinalizando que queremos um País melhor.

Se compararmos o número de eleitores de Rondônia com outros colégios eleitorais, verificaremos que os votos válidos daqui tiveram um peso qualitativo impressionante, porque aniquilaram, de uma vez por todas, o chamado voto de cabresto, assim como acontece ainda hoje no Nordeste.

O certo é que a turma do toma-lá-da-cá amarelou, foi para casa vestir o pijama e espera-se que eles permaneçam nos seus tugúrios por muito tempo: afinal, o país não precisa de predadores, senão de homens que saibam honrar os seus nomes, sem a mácula do “propinoduto” implantado no Brasil desde a instalação do novo ciclo democrático, iniciado no Governo Sarney. Haja neles os rigores da Lava-jato e a vigilância constante do Ministério Público e da Polícia Federal!...

E dirão os ladravazes: “que saudade do avião que nos levava a Brasília para coquetéis noturnos, e dos conchavos nas compridas madrugadas mercadejando o Estado”; e haverá saudade dos lautos jantares, farras e mulheres à custa do erário, substituídos, agora, pelo famoso “PF” – isto é, o Prato Feito, na carceragem da Polícia Federal e se deliciarão com feijão, arroz e dobradinha, e serão delícias, sem outra opção.

Rezemos, pois, para que as eleições de outubro entrem para história como um marco da verdade. E deem, de vez, um tranco forte em tantos meliantes que foram para o chuveiro mais cedo, porque se aproveitaram da ingenuidade de um povo ordeiro e disciplinado, delinqüindo.

Como diz o dito popular: “vox poli, vox Dei’’ – a voz do povo é a voz de Deus, e o voto, esse grande guerreiro da democracia, bateu de frente, na cara da torpeza, fragilizando o sistema corruptivo e abrindo espaço para o trabalho da República de Curitiba.

Com o voto, pelo voto, isto é, sem armas, sem espadas e cutelos, ceifou-se em boa parte a anarquia, e caciques perderam o norte e o grande pasto do Congresso Nacional, restando-lhes, doravante, como prêmio, o asilo em seus próprios territórios, sendo natural que as velhas raposas continuem a rondar os palácios – afinal, raposa velha é sempre perigo constante.

O importante é não descuidar, senão outras galinhas serão novamente roubadas.

As palmadas fortes dadas pelo voto no traseiro dos principais partidos – MDB, PSDB e PT, refletem essa nuance mitológica da democracia inspirada por Platão, o Governo do povo pelo povo e para o povo, em nome de quem todo o poder deve ser exercido.

Tomara que tenham acabado de vez os tempos de Sarneys, Vianas, Jucás e uma centena de outros “donatários” do Brasil.
Uma coisa é certa: nesta eleição as empreiteiras não foram dessangradas, e a falta da dinheirama, que corria solta, permitiu à Nação dissociar o “inconcusso do controvertível”, o certo do duvidoso, eliminando os falsos líderes.

E esperamos, sem “JBSs”, que os ladravazes mitológicos de nosso país não carreguem mais malas, o dinheiro sujo, e que as cuecas e as meias sirvam para o corpo, não para carregar o produto do crime organizado.

Pelo voto, varremos parte do lixo, o resto é tarefa da justiça, posto que o sol é do Brasil, somos daqui, aliados da decência, e não de lá. Os nossos filhos foram bem paridos aqui, para serem homens decentes...

Enfim, não se derramou sangue para a conquista, a não ser o do candidato Bolsonaro que, representando parte dos anseios do povo, vitimou-se pelo atrevimento de tentar varrer a indecência nacional.

Louvado seja
Nosso Senhor Jesus Cristo.

Amém!


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