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Amazônia, legado da eternidade, Berço do Amor - Arimar Souza de Sá


Publicada em: 04/11/2019 18:29:40 - Atualizado

CRÔNICA DE FIM DE SEMANA
AMAZÔNIA: LEGADO DA ETERNIDADE, BERÇO DO AMOR
- Arimar Souza de Sá

Hoje, eu quero falar de amor e harmonia, nesta imensidão de matas e rios sob o intenso brilho do sol.

Do rigor das invernadas, que parecem diluviais nesta época do ano, porque ambas, matas e rios, nas simbioses da vida, compõem o grande cenário de amor amazônico. De um lado, o verde das matas, de outro, as correntezas levando as águas para o mar, completando o ciclo da vida...

Vamos então nos encharcar de natureza, neste vale fantástico sob o abrigo dos Andes, de águas abundantes e de florestas sem fim. E, no fôlego dessas aventuras, com a luneta dos sábios, procurar explicação em Deus, sem apelo a qualquer esclarecimento científico, para saber como Ele formatou a vida nas florestas.

A questão não é simples. É entender como o Divino Mestre arquitetou e construiu as florestas, para abrigar os animais, inclusive os homens primitivos, na pele dos aborígenes

Como plantou ali as árvores frutíferas, as que servem de lenha, as ornamentais, as que cobrem a terra para suavizar- lhe a tez, as que dão leite como as seringueiras, as que dão cocos como as castanheiras, o tucumanzeiro, o babaçu, o açaí, o buriti e a pupunha...

Como semeou as árvores medicinais – a copaíba, o manacá, andiroba, alfazema, alcachofra, alecrim, mucurucá, etc. E, para adornar, as flores e os jasmins...

Como, no mesmo ambiente, criou a onça, a anta, a cotia, o veado, o porco do mato, o caititu, o quati, a lontra, o jacaré, a sucuri, a cobra cipó, o macaco prego, o sauim, e para aliviar seu cansaço, os passarinhos: o sabiá, a curica, o papagaio, a arara, o gavião, a coruja, a saracura, o bem-te-vi, o uirapuru, o rouxinol e o beija-flor. Assim, deu à natureza o dom de ensinar os homens.

No plexo amazônico, de tantas diversidades, os animais e as plantas convivem harmoniosamente. Não há guerra e nem conflitos quando o homem não interfere, só equilíbrio. Os animais, as árvores, as águas dos rios e as diluviais se conformam, dentro dos limites impostos por Deus.

No entanto, aqui, fora do ambiente das divinas matas, o bicho pega – e como pega. È que colossal monstro das metrópoles parece ter expulsado Deus do comando da vida.

Para viver e conviver no dia a dia, apenas um dos animais (o homem), quando sai de sua floresta, é preciso leis para contê-lo, e para o mais complexo deles, são necessários juízes para interpretá-las, que às vezes claudicam, cimentando mais desordem do que justiça, tudo para dizer que não é fácil viver fora dessa selva. Vejam o exemplo de Eduardo Bolsonaro, falando besteira, cavando túmulos, ressuscitando fantasmas e lapidando as pedras. AI 5, víxe, cruz credo! Nunca mais!

Na selva de pedra, Thomas Hobbes foi o primeiro filósofo a falar sobre o conceito de Estado, partindo do princípio de que todos os serem humanos são maus por natureza. Em solavancos, diz ele que neste estado existem conflitos de pessoas, passando pelo direito natural, que é o direito à vida, mas esse direito à vida pressupõe não apenas a vida em si, mas a utilização de todos os meios necessários para concretização dela.

Para atingir esses meios, o homem digladiou-se nas cavernas ainda quando andava “de quatro”, para em seguida, como homo erectus (forma ortostática), disputar com os outros homens, num plano de sobrevivência, os bens da vida.

Nesta senda, foram grandes as conquistas dos homens, como o direito de propriedade, das obrigações, a contratualidade sob o princípio da “pacta sunt servanda” e milhares de outros direitos, protegidos pelas constituições de todos os países do mundo.

Não obstante, os humanos não conseguiram, em tempo algum, alcançar a harmonia das florestas, onde os olhinhos vigilantes de um quatipuru, diante do perigo, dizem o quanto as matas abrigam as leis naturais de um ser, para manter-se vivo.

Enquanto isso, na vagina das selvas de pedra, pululam conflitos entre igrejas, partidos, filósofos e sociólogos, parecendo eternizar-se o inferno de Dante na paginação da história do mundo.

E há guerras, e nas últimas décadas o terrorismo, sabe por quê? – Os homens expulsaram Deus na engabelação dos falsos deuses. João de Deus e caterva são exemplos.

Aqui, do lado de fora, os ambientalistas esgrimam com os predadores da floresta, onde se misturam interesses escusos, e aí a mãe castanheira, de quando em vez, geme sob o açoite do fogo, ou da motosserra infernal.

Mas, lá no fundo do manto verde, Deus continua a olhar pelos povos das florestas, onde vivem índios, animais, aves e rios que correm e traçam caminhos, bichos brincando à noite indo para o “barreiro”, aves que cantam, tribos que ainda usam flechas e pintam os rostos de urucum.

Aqui, sem harmonia, brigam a mídia e os poderosos e, como disse Camões, continuarão brigando, se mais houver tempo.

E haverá outras torres a explodir. E haverá ameaças de uma nova “era de chumbo”, e novos golpes ao erário, porque aqui, como Caim, o homem construiu uma cidade de bronze no fundo da terra, e colocou no frontispício da masmorra: “É proibida a entrada de Deus”.

Amém!


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