Fundado em 11/10/2001
porto velho, sábado 27 de abril de 2024
No dia mais letal da pandemia no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro escolheu questionar mais uma vez o uso de máscaras e o isolamento social, dois métodos considerados eficazes para conter a disseminação do coronavírus.
Nesta quinta (25/2), o Brasil registrou ao menos 1.541 novas mortes por covid-19, segundo o Conass, Conselho Nacional de Secretários de Saúde (nas contas do consórcio de veículos de imprensa, o número foi ainda maior: 1.582, fazendo, segundo esse dado, o dia o mais letal da pandemia até agora). Bolsonaro, enquanto isso, citou em sua live semanal um suposto estudo de uma universidade não especificada na Alemanha que teria concluído que máscaras são "prejudiciais" às crianças, causando irritabilidade, dor de cabeça, dificuldade de concentração, entre outros.
O presidente disse que não entraria em detalhes porque "tudo deságua em crítica" sobre ele. "Eu tenho minha opinião sobre máscaras, cada um tem a sua", disse o presidente. "A gente aguarda um estudo mais aprofundado sobre isso por parte de pessoas competentes."
Estudo na Alemanha
Há um estudo preliminar feito na Alemanha sobre o efeito de uso de máscaras em crianças que foi publicado em dezembro que menciona os problemas comentados por Bolsonaro. Não está claro se foi este o estudo a que Bolsonaro se referiu.
A pesquisa, de médicos da Universidade de Witten/Herdecke, é preliminar e não foi revisada por pares, ou seja, não foi submetida ao escrutínio de um ou mais especialistas do mesmo escalão que os autores. Uma das observações na plataforma de publicação da pesquisa diz que ela "não deve ser considerada conclusiva, usada como base de práticas clínicas ou considerada uma informação válida pela imprensa".
O estudo preliminar foi feito a partir de uma enquete online preenchida por pais ou responsáveis de cerca de 25 mil crianças e adolescentes. É uma análise do custo-benefício do uso de máscaras para esse grupo específico, e não uma negação da eficácia das máscaras como proteção contra a disseminação do coronavírus, como fez parecer Bolsonaro.