PORTO VELHO (RO) - Um projeto literário lançado neste último mês de março, que vem levando o ensino religioso do candomblé para crianças a partir de seis anos de idade que estudam na rede de ensino fundamental em Porto Velho (RO) se tornou motivo de polêmica.

Com uma linguagem acessível e ilustrações vibrantes, a obra apresenta elementos essenciais do Candomblé, como os orixás, encantados, rituais e a importância da natureza, contando a história de Alice, uma menina preta de 10 anos que compartilha sua vivência dentro do terreiro, espaço que frequenta com sua mãe, Nochê da Casa.

Nesta última semana, o livro foi introduzido na rede municipal de ensino, onde crianças da escola municipal Joaquim Vicente Rondon tiveram o contato com o mundo do candomblé, em uma ação que contou com o aporte de recurso público e prioridade no Edital.

"Foi um processo interessante onde muitos deles já sabiam, já falavam um pouco sobre o assunto. Por meio de uma equipe pedagógica, vamos poder atingir cada vez mais crianças e ir nesse combate contra a intolerância religiosa", destacou Zeneida Lins Azevedo, produtora cultural e sacerdotisa do culto afro Tambor de Mina.

O vídeo mostrando a ação dentro da escola municipal chamou a atenção de grupos cristãos e causou polêmica. O contraponto colocado é que levar cultura religiosa do candomblé para crianças de apenas seis anos de idade em uma instituição pública de ensino pode ser caracterizado como uma tentativa de doutrinação.

De acordo com informações coletadas pela reportagem, um grupo de pastores já está se mobilizando para impedir que o projeto continue sendo apresentado dentro das escolas de ensino infantil, preservando e respeitando as tradições religiosas e culturais de cada família.

O projeto do livro foi contemplado com recursos da Lei Paulo Gustavo (Lei Complementar n.º 195/2022), por meio do Edital de Chamamento Público n.º 003/2023/FUNCULTURAL – Prefeitura de Porto Velho-RO.