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porto velho, sábado 19 de abril de 2025
PORTO VELHO-RO: A Secretaria de Estado da Saúde de Rondônia (Sesau) suspendeu o processo de seleção para escolher a empresa que seria responsável pela administração de unidades de saúde do estado. A decisão foi tomada após recomendação da Controladoria-Geral do Estado (CGE), que apontou riscos no processo.
De acordo com a CGE, é necessário avaliar com mais profundidade se a situação realmente configura uma emergência — como foi alegado pela Sesau — além de apurar se houve falhas no planejamento e se o processo respeitou os princípios da concorrência.
Seleção buscava contratar uma empresa que deveria cuidar da parte estrutural dos hospitais, organizar as equipes de trabalho e garantir o atendimento médico. Além disso, ficaria responsável por fornecer materiais, equipamentos e outros itens necessários para o funcionamento das unidades.
Entre os hospitais que faziam parte do contrato estavam o Hospital e Pronto-Socorro João Paulo II, a Unidade de Assistência Médica Intensiva (AMI) e o Hospital de Retaguarda de Rondônia.
O site entrou em contato com a Sesau para entender como a secretaria pretende se reorganizar, mas não houve retorno até a última atualização desta reportagem.
A suposta privatização do Hospital e Pronto-Socorro João Paulo II, em Porto Velho, virou assunto polêmico nas redes sociais neste fim de semana. O debate ganhou força após o governo de Rondônia sinalizar mudanças na gestão hospitalar. Em entrevista exclusiva à Rede Amazônica, o secretário de Estado da Saúde (Sesau), Jefferson Rocha, informou que a porta de entrada continua sendo pública e não há previsão de terceirização dos serviços.
A nova portaria foi publicada meses após o governo de Rondônia cancelar oficialmente o contrato de construção do Hospital de Urgência e Emergência (Heuro), obra que há quase 14 anos é aguardada pela população como solução para a superlotação e os problemas estruturais do João Paulo II, o maior pronto-socorro do estado.
Segundo o governo, a construtora responsável pela obra do Heuro não conseguiu manter o ritmo da construção, o que levou ao encerramento do contrato. Como alternativa, o Executivo anunciou um "plano B", que prevê a compra de um hospital pronto para atender a demanda que o Heuro deveria absorver.
No entanto, a publicação de uma portaria pela Secretaria de Saúde, sinalizando mudanças na gestão hospitalar, gerou questionamentos e críticas de parte da população e de especialistas, levantando dúvidas sobre a possível terceirização dos serviços públicos de saúde no estado.
Com a discussão, sindicatos e associações da área da saúde demonstraram preocupação com a possibilidade de terceirização da gestão do Pronto-Socorro João Paulo II. Em nota, o Conselho Regional de Enfermagem de Rondônia (Coren) informou que repudia a tentativa de privatização. Além disso, o Sindicato dos Profissionais de Enfermagem de Rondônia (Sinderon) disse que não foi comunicado previamente sobre a possível mudança.
"Sem estudo prévio nenhum, sem contato, sem a população ficar sabendo de nada, não houve uma audiência pública, nós não tivemos contato com os órgãos de controle", afirmou o vice-presidente.
Após a repercussão, o Sindicato Médico de Rondônia (Simeron) também se mostrou preocupado com a iniciativa e alertou para a necessidade de cuidado no suporte à classe médica.
"Um planejamento corrido, sem previamente estabelecer um contato com quem, de fato, trabalha nessas unidades, sem ter o conhecimento interno da unidade", pontuou o presidente do Simeron.