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porto velho, segunda-feira 13 de outubro de 2025
PORTO VELHO - RO - A Nova 364 Concessionária de Rodovia, responsável por administrar os 686,7 quilômetros da BR-364 entre Porto Velho e Vilhena, conseguiu o que parecia improvável: começar mal antes mesmo de começar. Prestes a dar início às obras de recuperação e duplicação da principal rodovia de Rondônia, a empresa soltou uma nota oficial reclamando da “falta de mão de obra local” — uma justificativa que soa, no mínimo, como um sinal de despreparo.
Afinal, como uma concessionária que venceu um bilionário processo de concessão federal não se preparou para o básico? Rondônia, que há décadas espera por uma BR-364 mais segura e moderna, agora assiste perplexa à concessionária alegar dificuldade para contratar trabalhadores, como se a execução de uma das maiores obras do Estado tivesse surgido de surpresa.
O discurso da empresa é uma afronta à realidade: o Estado tem escolas técnicas, o Sistema S, universidade e uma população acostumada ao trabalho duro — o que falta, presume-se, não é gente, é planejamento.
Fica claro que a Nova 364 não deve ter realizado diagnóstico prévio de recursos humanos, nem se articulou com instituições de ensino ou com o próprio governo estadual para formar e capacitar equipes locais.
E o mais grave: a empresa se prepara para iniciar a cobrança de pedágio antes mesmo de começar as obras, um contrassenso que irrita motoristas e empresários. Ou seja, o contribuinte pagará antecipadamente por um serviço que ainda não existe, enquanto a concessionária alega dificuldades elementares para cumprir suas obrigações contratuais.
Em vez de as máquinas já estarem nas pistas, a concessionária começa sua jornada com lamúrias burocráticas e desculpas constrangedoras. Se a dificuldade para contratar já vira obstáculo antes mesmo da execução, o que esperar da gestão de pedágios, manutenção e atendimento ao usuário?
A BR-364, que há anos simboliza a precariedade da infraestrutura rondoniense, corre o risco de continuar sendo palco de promessas adiadas. E se depender do atual ritmo da Nova 364, o asfalto pode até vir — mas o comprometimento parece ainda estar atolado no perigo da estrada e no barro da incompetência.