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    porto velho, terça-feira 8 de outubro de 2024

Como a superioridade de Euma Tourinho a deixou fora do segundo turno

Em um vídeo de campanha, a metáfora do jogo se tornou literal. Ao embaralhar as cartas, Euma jogou seus adversários políticos na "lata de lixo da história"...


Redação

Publicada em: 08/10/2024 09:45:29 - Atualizado

PORTO VELHO-RO: Nas eleições, onde cada voto é um tijolo na construção da vitória, Euma Tourinho parecia ter todas as ferramentas em mãos.  No entanto, enquanto sua campanha parecia destinada ao sucesso, contudo uma postura de superioridade pode ter sido o verdadeiro teto de vidro que impediu sua ascensão.

Euma, uma figura inteligente, com presença marcante e desenvoltura digna de destaque, tinha tudo para cativar o eleitorado. Contudo, ao invés de vestir as "sandálias da humildade", preferiu calçar os sapatos de salto alto que conotavam soberba. 

Sua postura firme, muitas vezes era confundida com arrogância e pode ter alienado os eleitores que buscam líderes que se aproximem de suas realidades. A batalha nas urnas, como um jogo de cartas bem jogado, exige mais que boas jogadas; é necessário compreender o momento de ser sutil, de ser mais popular do que imponente.

Em um vídeo de campanha, a metáfora do jogo se tornou literal. Ao embaralhar as cartas, Euma jogou seus adversários políticos na "lata de lixo da história", deixando claro que, em sua visão, apenas ela poderia se salvar do destino comum que reservava aos outros. O gesto, ao mesmo tempo em que reafirmava sua confiança, ressoou com tons de desprezo. O eleitor, mais uma vez, viu-se diante de uma candidata que parecia colocar-se em um pedestal, distante das inquietações do povo.

A gota d'água, talvez, tenha vindo no debate final, quando Euma lançou a frase que ecoou como um trovão: "Se o Hildon era promotor e virou prefeito, imagine o que uma juíza pode fazer". A fala, carregada de autoconfiança, soou mais como um aviso de poder do que como uma proposta de mudança. O público, por sua vez, pode ter interpretado o comentário como uma demonstração de que a candidata via sua trajetória como um fardo inevitável para a cidade, quase como se seu passado lhe desse uma espécie de direito natural à vitória.

Mas, no campo das urnas, não basta ter bons argumentos ou uma história de prestígio. A política é, antes de tudo, uma dança cuidadosa entre proximidade e liderança. O eleitor deseja enxergar no candidato um espelho de suas próprias lutas, não alguém que o olhe de cima para baixo. Euma Tourinho, ao que tudo indica, perdeu a eleição para ela mesma. Sua superioridade, que deveria ser uma arma, tornou-se um obstáculo intransponível.

Dessa forma, enquanto outros candidatos construíam pontes com os eleitores, Euma, por escolha própria ou estratégia equivocada, ergueu muros de distanciamento. Agora, seus adversários seguem adiante no tabuleiro político, enquanto a juíza, mesmo com suas cartas na mão, fica fora do jogo decisivo.

Apesar do exército  de 24.481 votos – representando 9,70% dos votos válidos que obteve  - e ter contado com uma equipe de marketing afiada como uma lâmina, possuir os ingredientes necessários para avançar ao segundo turno, a lição deixada por essa eleição é clara: a inteligência, a desenvoltura e a presença, são essenciais, mas sem a dose certa de humildade, até os candidatos mais promissores podem encontrar no orgulho o seu maior rival.


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