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porto velho, quinta-feira 20 de março de 2025
A “5ª série que habita em nós” parece que também habita nos integrantes do Ministério das Relações Exteriores (MRE). Isso explicaria uma “brincadeira” que acabou na Polícia Federal.
E a “brincadeira” que envolveu graduados diplomatas do Itamaraty foi apimentada por uma carta cuja mensagem trazia apenas o desenho de um “pênis com asas” (imagem abaixo). No popular, um “caralho voador”. Uma “pegadinha infantil”, disse um dos envolvidos.
Tudo começou quando o primeiro-secretário Cristiano Ebner, chefe da Divisão de Saúde e Segurança do Servidor (DSS), recebeu uma correspondência de uma “Fundação Kresus”, que, no entanto, não indentificava quem seria o real remetente. Nada de texto: apenas o desenho do pênis voador.
A história foi revelada pelo O Globo, na coluna do Lauro Jardim, e confirmada pelo Metrópoles. O primeiro-secretário não viu graça no procedimento e encaminhou o trote à Corregedoria do MRE.
Temeu pela segurança
À época, Ebner ainda não sabia quem era o remetente da carta. Mas como sua função é analisar exames admissionais e perícias médicas, que podem implicar o retorno de um servidor ao exterior ou adiar sua remoção do Brasil por questões de saúde, situações que podem desagradar colegas de Itamaraty, temeu por sua segurança.
Diante da repercussão, o incidente foi reportado à embaixadora Daniella Ortega, chefe imediata do diplomata, que o aconselhou a levar o caso à Justiça. Foi quando ele acionou a Polícia Federal, que iniciou uma apuração.
Em agosto de 2024, os investigadores identificaram por meio das imagens do circuito de segurança da agência dos Correios quem teria feito o trote. Trata-se de Pablo Cardoso, embaixador radicado em Lisboa e ministro-conselheiro do Brasil na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
“Pegadinha infantil”
O motivo da “brincadeira” revela-se típico da “5ª série”: o ministro-conselheiro disse a colegas em Lisboa que, se recebesse uma instrução numa sexta-feira, iria aprontar.
Cardoso recebeu a tal instrução da DSS. Ele, então, mandou um amigo postar o “caralho voador” para o chefe da DSS. Ao receber, Ebner levou o trote para a PF.
Dois meses após o caso, Cardoso enviou uma mensagem de WhatsApp para Ebner na qual revelou ser o autor da carta e explicou que era uma “pegadinha infantil”.
Cardoso, surpreso que a Corregedoria e a PF estavam envolvidas, pediu que Ebner desistisse da representação. No entanto, o chefe do DSS decidiu levar o caso adiante.
Em outubro de 2024, Cardoso assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), comprometendo-se a manter um comportamento compatível com seu cargo num prazo de 24 meses.
A Corregedoria decidiu não abrir um Processo Administrativo Disciplinar, e a PF arquivou o caso por “falta de elementos para a consumação do delito” de ameaça. O autor da “brincadeira” ainda saiu ganhando.
Segundo informações reveladas ao Metrópoles, Pablo Cardoso realizou o sonho de chefiar uma embaixada no exterior e está de malas prontas para Guiné-Bissau.