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porto velho, terça-feira 9 de dezembro de 2025

A evolução da tecnologia e da inteligência artificial tende a substituir principalmente os empregos de nível médio, que envolvem trabalho repetitivo e monótono em meios digitais. Já as tarefas manuais de baixo nível, assim como as posições intelectuais de altíssimo nível, deverão ser mais poupadas da substituição pela IA.
Essa é a análise de Giuseppe Ludovico, professor da Universidade de Milão, na Itália. Na opinião dele, a especulação sobre a perda de empregos para robôs automatizados é exagerada e essa substituição terá alcance limitado.
“A tecnologia inteligência artificial consegue substituir um tipo de trabalho que é de rotina, que é monótono, que é repetitivo. Não consegue substituir o humano porque não é um sistema inteligente, é um sistema de probabilidade, um sistema de dados”, explica.
Ludovico falou sobre o assunto em entrevista à revista eletrônica Consultor Jurídico durante o IV Congresso Nacional e II Internacional da Magistratura do Trabalho, que aconteceu em Foz do Iguaçu (PR) no final de novembro. O Anuário da Justiça do Trabalho 2025 foi lançado no evento.
O professor aponta que as mudanças promovidas pela IA tendem a atingir com mais força os países com mão de obra pouco qualificada. Segundo ele, o nível de formação intelectual de um país é crucial para determinar os impactos da automação.
“Todas as estimativas falam que os países em desenvolvimento serão os mais afetados pelos impactos ruins da inteligência artificial, enquanto os países que têm alto nível de formação, para eles será mais provável pegar a parte boa da automação, porque você vai tirar do mercado o trabalho monótono repetitivo e vai ajudar a produtividade para o trabalho de alto nível”, projeta.
Ludovico também abordou as possibilidades de regulamentação da tecnologia e da inteligência artificial em escala global. Ele aponta que a União Europeia já implementou regras sobre a ferramenta e diz que a norma poderia servir de modelo para o Brasil.
“Não é para limitar, pelo contrário. É para desenvolver uma utilização justa e equilibrada da inteligência artificial, exatamente como foi para o trabalho da plataforma digital. A gente não proibiu, a gente simplesmente disciplinou”, observa.
O mais difícil, segundo ele, é implantar regramentos globais sobre o tema. O desafio começa pelo fato de que cerca de 80% dos sistemas de IA são produzidos nos Estados Unidos e na China. A Europa, por exemplo, enfrenta o dilema de impor determinadas regras sabendo que os fabricantes dos sistemas estão em países fora do bloco.
“Não será fácil colocar na mesa regras jurídicas para regulamentar um fenômeno tecnológico que não é produzido pelo país”, alerta.