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    porto velho, terça-feira 26 de novembro de 2024

Ex-juiz Sergio Moro nega ter havido erros ou excessos na "lava jato"

Na avaliação de Moro, os responsáveis pelos revezes que a operação sofreu foram "aqueles que resistiram ao enfrentamento...


CONJUR

Publicada em: 10/07/2022 12:49:27 - Atualizado

BRASIL: Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro afirmou que não houve erros nem excessos na condução da chamada operação "lava jato". Segundo ele, "foi punido somente quem pagou suborno ou recebeu suborno" durante as investigações e julgamentos.

Depois de ter mandado prender o ex-presidente Lula, Moro deixou a magistratura para ser ministro da Justiça de Jair Bolsonaro. As decisões do juiz no caso foram confirmadas pela segunda instância, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, e também no Superior Tribunal de Justiça. No entanto, o Supremo Tribunal Federal, em 2020, entendeu que a 13ª Vara Federal de Curitiba, onde o juiz atuava, era incompetente para julgar os casos envolvendo Lula, e que Moro tinha agido com parcialidade.

Na avaliação de Moro, os responsáveis pelos revezes que a operação sofreu foram "aqueles que resistiram ao enfrentamento da corrupção". "Não é derrota da 'lava jato'", afirmou ele ao jornal. "Quem é culpado por ter colocado em liberdade gente condenada?", questionou. E ele mesmo respondeu: "São as pessoas que colocaram elas em liberdade, e não quem proferiu a condenação. Os reveses devem estar atribuídos àqueles que impuseram esses reveses, e não a quem fez o trabalho".

Em 2020, o estouro da divulgação de mensagens trocadas entre Sergio Moro e os procuradores da autoproclamada força-tarefa da "lava jato" mostrou que a relação entre juiz e acusação era promíscua: Moro atuava como um "coordenador" dos procuradores, em mais de uma ocasião orientando-os sobre como proceder e avisando de antemão sobre as decisões que pretendia tomar, além de ter recebido uma denúncia inacabada, entre outras ilegalidades.

Quando questionado se houve erros ou excessos na condução da operação, Moro respondeu que não. "A 'lava jato' aplicou a lei, e foi punido somente quem pagou suborno ou recebeu suborno", sustentou o ex-juiz. "Infelizmente o Brasil é um país acostumado com a impunidade da grande corrupção, e houve um movimento forte para a volta dessa impunidade."

Por fim, o repórter pergunta se Moro "acredita" que há corrupção no governo Bolsonaro, do qual Moro se desligou acusando o presidente de tentar interferir na Polícia Federal (há um inquérito investigando a acusação). Moro afirmou que "não tem como você eliminar de todo a corrupção".

"O principal é a questão da impunidade. Então a gente não pode ser ingênuo e achar que a corrupção acabou no governo federal ou nos governos estaduais ou nos governos municipais, de todas as entidades públicas em geral. O preço da integridade acaba sendo a eterna vigilância, evidentemente, dentro da lei", complementou.

E finalizou: "A grande questão é que a gente precisa retomar o combate à corrupção com força, como foi durante a época da 'lava jato'. Hoje a gente vê poucas pessoas sendo investigadas, principalmente punidas, por prática de crime de corrupção."

Moro atuou nos processos da "lava jato" em primeira instância, mas abandonou a magistratura para ser ministro da Justiça. Depois de deixar o governo, se filiou ao Podemos para tentar se candidatar à presidência. Deixou o Podemos e hoje é filiado ao União Brasil. Tentou mudar o domicílio eleitoral para São Paulo para se candidatar ao Senado, mas o TRE-SP barrou a mudança. Agora, tem planos de sair candidato pelo Paraná.



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