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    porto velho, sábado 8 de fevereiro de 2025

Ela sonhava em defender o Japão, em vez disso, foi agredida sexualmente pelos soldados

Rina Gonoi denunciou abuso que sofreu por um ano nas Forças de Autodefesa Terrestres do Japão, que busca aumentar as fileiras femininas;


cnn

Publicada em: 15/07/2023 10:17:32 - Atualizado

MUNDO: Rina Gonoi é uma lutadora. Como ex-soldado, como praticante de judô e como mulher lutando em nome de todas para responsabilizar aqueles que abusaram sexualmente dela.

Quando Gonoi serviu na Forças de Autodefesa do Japão (FAJ), ela diz que sofreu abuso sexual, físico e verbal diariamente por mais de um ano. Ao deixar o serviço em junho de 2022, depois de dois anos como militar, ela prometeu que iria levar seus abusadores à justiça.

No início, as autoridades pareceram relutantes em acreditar nela. Quando a soldado relatou o suposto abuso às autoridades militares, duas investigações foram abertas, mas ambas foram descartadas por falta de provas.

Sem se dar por vencida, ela procurou as emissoras de TV. Quando elas a ignoraram, ela levou sua batalha para as redes sociais – um movimento raro em um país onde sobreviventes de agressão sexual podem enfrentar reação negativa por levantar suas vozes.

“Eu queria ajudar outras pessoas que também tinham sido assediadas sexualmente (na FAJ). Quanto aos perpetradores, eu queria um pedido de desculpas e que eles admitissem o que tinham feito; eu queria impedir que outros passassem pelo que eu passei; é por isso que eu falei”, contou.

A recusa de Gonoi de ficar em silêncio acabou gerando uma ampla investigação sobre assédio sexual em toda a FAJ. Os procuradores reabriram uma investigação que descobriu que ela tinha sofrido assédio sexual, físico e verbal diariamente entre o outono de 2020 e agosto de 2021, de acordo com os advogados de Gonoi.

As descobertas resultaram em um momento inovador: uma rara admissão de culpa e um pedido de desculpas público do Ministério da Defesa do Japão. O chefe do Estado-Maior da Forças de Autodefesa Terrestres Yoshihide Yoshida fez uma reverência profunda, dizendo: “Em nome das Forças de Autodefesa Terrestres, gostaria de expressar minhas mais profundas desculpas à Sra. Gonoi, que sofre há muito tempo. Eu lamento imensamente”.

Cinco militares também foram demitidos com desonra e outros quatro punidos em dezembro passado, de acordo com NHK, a emissora pública japonesa. Gonoi também disse que recebeu desculpas pessoalmente de vários oficiais.

Mas não é suficiente, segundo ela, que então abriu processos nas esferas criminal e civil no início do ano. As ações visam o governo e seus supostos agressores – três dos quais foram acusados em março de agressão sexual a Gonoi.

No caso criminal, até o momento, nem os réus nem seus advogados emitiram declarações. Procuradores públicos no Japão não divulgaram informações sobre o caso e não responderam ao pedido da CNN para comentários. No processo civil, quatro dos cinco acusados recentemente negaram abuso sexual, enquanto um quinto admitiu a acusação.

O estado respondeu dizendo que o assédio “não pode ser tolerado”, mas ainda não comentou sobre o processo de Gonoi.

Independentemente do resultado dessas ações judiciais, a ex-soldado acredita que há uma batalha maior a ser travada numa cultura de assédio sexual nos meios militares dominados pelos homens.


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