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porto velho, domingo 22 de dezembro de 2024
BRASIL- Diante da comoção mundial e da revolta de parentes no desaparecimento do submarino San Juan com seus 44 tripulantes, a Casa Rosada avalia destituir toda a cúpula da Marinha argentina, segundo o diário "Clarín". O governo do presidente Mauricio Macri estaria inconformado com o sumiço e com a maneira com que as autoridades marinhas lidaram com as investigações.
O Ministério da Defesa, por sua vez, já abriu 40 investigações internas. Fontes ouvidas pelo jornal local dizem que o comando naval poderia ser responsável por atos de negligência e ocultação de informação.
Ainda de acordo com o "Clarín", o governo deve esperar que a Armada confirme o destino do submarino e a condição dos 44 marinheiros antes de cravar se troca o almirante Marcelo Hipólito Srur e os outros comandantes. A destituição atingiria também militares de responsabilidade direta com as operações do San Juan. Ontem, a angústia entre os argentinos e a crise para o governo Macri chegaram ao ápice quando autoridades confirmaram ter detectado uma anomalia hidroacústica correspondente ao som de uma explosão na mesma área onde o submarino havia se comunicado pela última vez.
O ministro da Defesa argentina, Oscar Aguad, repreendeu o almirante após ter sido informado pela mídia sobre a perda de contato entre a tripulação e a base naval. O último sinal da embarcação foi na quarta-feira da semana passada, quando Aguad participava de um congresso da ONU no Canadá. O ministro chegou a desligar o telefone, de forma abrupta, ao ouvir de Srur que o comando desconhecia parte das informações repassadas a parentes dos desaparecidos.
Desde então, as Forças militares do país lançaram uma megaoperação de busca e resgate, auxiliada por outros vários países, incluindo Brasil e EUA. Apesar da crença de que houve uma explosão, os militares continuam os esforços à procura de rastros ou destroços da embarcação. Neste período, no entanto, a Marinha vem recebendo duras críticas por ter criado falsas esperanças entre os familiares dos tripulantes, uma vez que demorou a oficializar a detecção de uma possível explosão, além de ter chegado a informar que havia detectado sete sinais do submarino, que depois se provaram apenas sons biológicos do mar.
Uma das queixas que pesam sobre Srur é a Armada ter revelado apenas cinco dias após o desaparecimento que o comandante do submarino havia reportado avarias nas baterias e um curto-circuito a bordo. O comando tinha essa informação, mas demorou a repassá-la ao presidente e tentou minimizar o incidente ao desconectá-lo do sumiço. Trata-se de uma quebra na hierarquia, uma vez que Macri, como presidente, é comandante-chefe das Forças Armadas.
Srur comanda a Marinha desde janeiro de 2016. Ele foi nomeado por Macri para renovar a instituição militar. Nesta quinta-feira, a Argentina anunciou que levará médicos para buscas, que já somam mais de 325 horas. As famílias, agora, já viram se apagarem as esperanças de que os tripulantes possam estar vivos.