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porto velho, domingo 22 de dezembro de 2024
As imagens foram divulgadas por Jayda Fransen, líder do movimento "Britan First" ("Reino Unido em primeiro lugar"), que recentemente foi detida na Irlanda do Norte para prestar esclarecimentos por propagar discursos de ódio. Não demorou para que o presidente fosse criticado nas redes por incitação à intolerância religiosa, à estigmatização e à violência contra os muçulmanos.
No primeiro registro, um suposto imigrante islâmico agride um rapaz que seria holandês. Outras imagens mostram um homem, vestido e com a barba da tradição muçulmana, jogar uma imagem da Virgem Maria no chão. Um terceiro vídeo, ainda de acordo com Jayda, flagra um grupo de adeptos ao Islã empurrando e espancando um jovem no telhado de um prédio. Um dos agressores parece carregar uma bandeira do grupo terrorista Estado Islâmico.
Não há indicações sobre o local e a identidade dos agressores. Não existe também confirmação oficial sobre a veracidade do conteúdo.
CRÍTICAS NAS REDES SOCIAIS
Nas redes sociais, internautas responderam aos compartilhamentos de Trump com muitas críticas, acusando o chefe da Casa Branca de usar as imagens para estigmatizar toda a comunidade muçulmana e incentivar a violência contra fiéis. Parte dos usuários, em tom efusivo, no entanto, concordou com as publicações de Trump.
"Um muçulmano agride um não-muçulmano e Trump usa como exemplo para bani-los de viajar (aos EUA). Um branco usa armas, mata 60 pessoas e Trump fica em silêncio sobre o controle de armas. É nojento como Trump usa incidentes para estereotipar grupos inteiros de pessoas", disse um internauta.
Outro usuário do Twitter criticou Trump por difundir o ódio e o preconceito nos EUA, um país cuja formação se baseia na diversidade cultural:
"Uma nação outrora conhecida pela sua cultura diversa e capacidade de ter várias raças, religiões e etnias trabalhando juntas em um melting pot é agora uma nação de intolerância, ódio e sujeira. Obrigado, Trump".
Muitos lembraram ainda que a a religião muçulmana propaga a paz, e os radicais são uma pequena parcela da sua extensa comunidade de 1,6 bilhão de membros.
"Você odeia um grupo inteiro de pessoas pelas ações da minoria. Você é a pessoa que aparentemente deveria ser odiada", escreveu uma mulher.
O grupo "Britain First" foi fundado em 2011 por membros do partido de extrema-direita British National Party (BNP) e chamou a atenção inicialmente por ter entrado em mesquitas britânicas para dizer aos seus membros para rejeitar o Islã. Por isso, os integrantes da organização islamofóbica foram banidos de diversos templos islâmicos no Reino Unido. Eles se consideram um partido político, embora não tenham nenhum representante no governo.
De ideologia cristã, os integrantes condenam o multiculturalismo e o que chamam de "islamificação do Reino Unido". São acusados de promover a intolerância religiosa no país, sobretudo, com o compartilhamento de conteúdo altamente agressivo na internet. Os três vídeos promovidos na página de Trump expressam bem o tom adotado diariamente pelo grupo, que usa imagens de supostos imigrantes cometendo crimes para implicitamente culpar toda a comunidade muçulmana pelos comportamentos filmados.
O grupo celebrou efusivamente o compartilhamento dos seus vídeos por Trump. Uma das suas líderes, Jayda foi detida em Londres por autoridades da Irlanda do Norte há cerca de dez dias por conta de um discurso que fez em agosto.
Esta não é, de longe, a primeira vez que Trump adota tom violento na sua conta do Twitter. Em julho deste ano, o presidente americano publicou uma montagem em vídeo, em que aparece agredindo um homem, cujo rosto foi substituído pelo logo da rede de notícias CNN.
A montagem partiu de um vídeo de uma participação de Trump em evento do World Wrestling Entertainment (WWE), que promove a encenação de luta livre. Naquela noite de 2007, o magnata entrou no roteiro e fingiu ter batido no atual CEO do WWE fora do ringue, Vince McMahon. Na legenda, ele mais uma vez chamou o veículo de imprensa de Fraud News Network (Rede de Notícias de Fraude).
Em resposta, a CNN considerou um "dia triste quando o presidente dos Estados Unidos encoraja a violência contra repórteres" e classificou a ação do magnata como "juvenil" e indigna do posto presidencial. A postagem dividiu opiniões entre comentaristas políticos e cidadãos americanos. Os apoiadores do republicano riram, enquanto os opositores consideraram uma afronta à liberdade de imprensa. Entre os críticos está Carl Bernstein, repórter cujo trabalho ao lado de Bob Woodward sobre o escândalo de Watergate desembocou na renúncia do presidente Richard Nixon, em 1974.