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porto velho, domingo 22 de dezembro de 2024
MUNDO- Envenenados na Inglaterra — no primeiro ataque com um agente neurotóxico na Europa desde a Segunda Guerra Mundial —, o ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha podem ter sofrido sequelas que deixariam suas capacidades mentais comprometidas. É o que alega um juiz que autorizou a coleta de amostras de sangue para análise por especialistas em armas químicas.
Skripal, um ex-coronel russo que vendeu segredos de Estado para o Reino Unido, e sua filha foram encontrados inconscientes em um banco nas ruas de Salisbury no dia 4. Eles foram atacados com um agente neurotóxico militar de fabricação soviética que, de acordo com Londres, estava em posse de Moscou. Os russos negam, e acusam o Reino Unido de omitir informações-chave na investigação para instigar um sentimento "russofóbico".
A Justiça britânica autorizou nesta quinta-feira a coleta de amostras de sangue de Skripal e da filha, Yulia, para análise por especialistas em armas químicas. Um tribunal de Londres precisou autorizar a ação para ajudar a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), porque a gravidade do estado de ambos os impede de dar o seu consentimento.
— Pai e filha não estão em condições de tomar uma decisão sobre o fornecimento de amostras de sangue que serão submetidas a análises — explica o juiz David Williams, do Tribunal de Defesa.
O juiz concluiu que "é do interesse do senhor e da senhora Skripal que o sangue seja coletado".
A ordem do juiz fornece pistas sobre a gravidade do estado do ex-militar de 66 anos e sua filha de 33, ao afirmar que "as evidências médicas indicam que sua capacidade mental corre risco".
— No momento, tanto o senhor quanto a senhora Skripal estão em situação crítica, mas estável. Não é impossível que sua condição se deteriore rapidamente — declarou o magistrado.
Rússia e Reino Unido pertencem à OPAQ, cuja missão é eliminar todas as armas químicas.
AGENTE LIBERADO
O policial britânico contaminado ao encontrar Skripal e a filha teve alta nesta quinta-feira, anunciou o hospital onde estava internado.
— Tenho o prazer de dizer que a condição (de saúde) do sargento Nick Bailey melhorou e ele recebeu alta do hospital — declarou à imprensa uma representante do centro médico da cidade onde o ataque foi cometido, em 4 de março.
Um representante da Polícia leu uma declaração do agente em que agradeceu o apoio recebido.
"Quando comecei a me sentir melhor, percebi a enorme atenção que esse incidente despertou", escreveu Bailey. "Sou uma pessoa normal com uma vida normal e não quero que minha esposa, filhos ou eu sejamos parte dessa atenção", pediu. "Quero que as pessoas se concentrem na investigação, não no policial que se viu envolvido" no caso, ressaltou.