Entre 26 de janeiro e 7 de fevereiro de 2025, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o Exército Brasileiro realizaram a quarta edição da Operação Wahanararai. A ação teve como objetivo combater crimes ambientais e proteger o território indígena do Vale do Javari, distante 1.138 quilômetros de Manaus, região que abriga o maior número de povos isolados do mundo.

As equipes encontraram animais silvestres capturados ou abatidos ilegalmente, incluindo mamíferos, aves, répteis e serpentes. Entre os apreendidos, destacam-se 5 veados, 2 queixadas, 2 pacas, 3 mutuns, 1 jacamim, 1 garça, 9 biguatingas, 14 jacarés, 6 tracajás vivos, 2 jabutis vivos e 1 jabuti morto, além de 1 jararaca. A retirada desses animais da natureza compromete o equilíbrio ecológico da região, impactando a cadeia alimentar e afetando os modos de vida dos povos indígenas que dependem dos recursos naturais de forma sustentável.

A operação foi conduzida em duas frentes, atuando nas calhas dos rios Javari/Curuçá e Ituí/Itacoaí, áreas onde a presença de invasores ameaça a segurança dos indígenas e compromete os recursos naturais. Durante os patrulhamentos fluviais, as autoridades recuperaram materiais utilizados em práticas ilícitas, como armas de fogo, munições, carne de caça e pesca ilegais, além de 75 metros cúbicos de madeira e 250 alevinos, que foram devolvidos à natureza.

Outros casos

Em 5 de junho de 2022, o indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips foram assassinados durante uma viagem pela Terra Indígena Vale do Javari. Dom trabalhava em um livro sobre a preservação da Floresta Amazônica e estava sendo acompanhado por Bruno, que havia agendado encontros e entrevistas com lideranças locais.

De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), aceita pela Justiça em julho de 2022, Amarildo e Jefferson confessaram o crime e deram detalhes em seus depoimentos. Testemunhas e provas confirmaram as informações. O MPF apontou que desentendimentos entre Bruno e Amarildo, por pesca ilegal em território indígena, teriam motivado os assassinatos. Bruno foi morto com três tiros, sendo um pelas costas, enquanto Dom foi assassinado por estar com ele, assegurando a impunidade pelo crime anterior.

Em novembro de 2023, o Ibama e a Polícia Federal (PF) realizaram uma operação de combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena (TI). Foram destruídas 26 dragas, oito barcos, quatro rebocadores e 42,5 mil litros de diesel. Os fiscais também apreenderam nove antenas Starlink e 3,2 kg de mercúrio.

A operação foi realizada nos rios Jandiatuba, Boia, Jutaí, Igarapé Preto e Igarapé do Mutum. Das 26 dragas, seis eram de grande porte, avaliadas em cerca de R$ 5 milhões. Estima-se que retiravam 1 kg de ouro por mês da região. Os barcos e rebocadores eram usados no apoio aos garimpeiros, e os 42,5 mil litros de diesel abasteciam os motores das dragas. As antenas facilitam a comunicação dos criminosos sobre a presença da fiscalização. De acordo com o órgão, em época de seca, os indígenas se aproximam mais dos rios em busca de água e alimento, aumentando a probabilidade de contato com infratores.