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porto velho, quarta-feira 27 de novembro de 2024
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, em evento no Porto de Santos na manhã desta sexta-feira (2/2) ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que a parceria entre estado e União para a construção do túnel entre Santos e Guarujá é um “ato civilizatório”.
“Nós estamos num ato civilizatório”, disse Lula. “Esse ato aqui significa que nós precisamos restaurar esse país à normalidade. E a normalidade significa respeitar o direito às diferenças.”
“Estou beneficiando o estado mais importante da federação”, afirmou o presidente. Em clima de cordialidade e aproximação com Tarcísio, o presidente disse ainda que o governador ” terá na Presidência da República tudo aquilo que for necessário”.
O túnel entre Santos e Guarujá é uma obra prometida há mais de 90 anos, em meio a uma série de demonstrações de aproximação entre os dois adversários políticos.
Lula e Tarcísio ficaram lado a lado no palco montado para a cerimônia, no complexo da Autoridade Portuária de Santos, e trocaram sorrisos ao longo do evento, com o presidente segurando os braços do governador ao lhe dirigir a palavra e recebendo toques iguais em retribuição.
Durante parte do evento, parte do público saudou Tarcísio e gritou: “Vem para o PT”, ao que o governador paulista respondeu com gargalhadas.
A brincadeira ocorreu pouco depois de Tarcísio ter sido vaiado pelo público, no momento em que foi anunciado nos microfones. A plateia era formada majoritariamente por apoiadores do PT.
Lula estava acompanhado também do vice-presidente Geraldo Alckmin e dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Márcio França (Empreendedorismo) e Márcio Macêdo (secretaria-geral da Presidência).
O imbróglio relacionado à demora para a viabilização da obra vai além do altíssimo custo da obra (quase R$ 7 milhões por metro) ou dos desafios de engenharia. Durante décadas, a falta de entendimento entre os governos paulista e federal foram o principal entrave à obra.
Nas gestões tucanas de José Serra e Geraldo Alckmin, a proposta se alterou entre a construção de um túnel ou uma ponte. Mas ambos os governadores, adversários políticos dos dois primeiros mandatos de Lula, não conseguiram formalizar um acordo com a gestão petista para a obra.
Na gestão paulista passada, o ex-governador João Doria, na época também no PSDB, buscou uma alternativa e chegou a assinar um acordo com a Ecovias, concessionária que opera as rodovias que ligam o litoral e a Baixada Santista, para que a empresa fizesse a obra — em troca de contratos aditivos que aumentariam o prazo de concessão das rodovias.
Mas Doria protagonizava o papel de antagonista à gestão de Jair Bolsonaro (PL), que impediu o progresso da proposta (havia necessidade de acordo porque o traçado da obra ocupava uma parte do porto, que é de responsabilidade da União). Tarcísio de Freitas era, na época, ministro de Infraestrutura e chegou a ter reuniões com o governador no Palácio dos Bandeirantes antes da ordem do antigo chefe para abortar a parceria.
Agora, Tarcísio contou com apoio dos ministros Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), que é de seu partido, e Rui Costa (Casa Civil) para destravar a parceria e chegar a um acordo político.