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porto velho, terça-feira 26 de novembro de 2024
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passou duas noites na Embaixada da Hungria, em Brasília, logo depois que a Polícia Federal apreendeu o passaporte dele em investigação que apura suposto golpe de Estado. A informação foi publicada nesta segunda-feira (25) pelo The New York Times.
Vídeos das câmeras de segurança da embaixada, os quais a reportagem do jornal norte-americano teve acesso, mostram Bolsonaro acompanhado de dois seguranças sendo recebido pelo embaixador húngaro, Miklós Halmai.
Alvo de investigações criminais, o ex-presidente não poderia ser preso estando numa embaixada estrangeira, porque a área está legalmente fora do alcance das autoridades nacionais.
Segundo o The New York Times, a estadia no local sugere que Bolsonaro estava tentando “alavancar a sua amizade com um colega líder de extrema direita, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orban”.
Bolsonaro chamou Orbán de seu “irmão” durante uma visita à Hungria em 2022. Em dezembro do ano passado, Bolsonaro e o primeiro-ministro húngaro se reuniram em Buenos Aires na posse do novo presidente da direita Argentina, Javier Milei. Lá, Orbán chamou Bolsonaro de “héroi”.
O The New York Times teve acesso às imagens de três câmeras de segurança da embaixada. A primeira mostra o carro do ex-presidente chegando no dia 12 de fevereiro — Carnaval. Logo depois, funcionários da representação diplomática aparecem carregando roupas de cama, água e outros itens.
No dia seguinte, o embaixador aparece com o que aparenta ser uma cafeteira, em direção a área residencial da embaixada. Mais adiante, Bolsonaro passeia pelo estacionamento com um de seus seguranças.
Por duas vezes, os seguranças de Bolsonaro foram embora. Perto do almoço, no dia 13 de fevereiro, um deles voltou com o que parecia ser uma pizza.
No dia 14, Bolsonaro é visto à tarde pela primeira vez nas imagens das câmeras de segurança. Dois seguranças saem da área residencial carregando duas mochilas e se dirigiram diretamente para o carro.
O embaixador Halmai seguiu atrás, observou o carro e acenou em despedida.
Duas semanas após a saída de Bolsonaro da embaixada, o ex-presidente participou de um ato na Avenida Paulista, em São Paulo. No discurso, ele repetiu sua defesa de que foi vítima de perseguição política.