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    porto velho, terça-feira 26 de novembro de 2024

Câmara dos deputados deve manter Chiquinho Brazão preso, mas não sem recado ao STF

Em reunião com Lewandowski, Lira teria dito ao ministro da Justiça representar a insatisfação dos demais 512 deputados sobre como aconteceu a prisão de Brazão


cnn

Publicada em: 30/03/2024 10:16:57 - Atualizado


O recado repassado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, sobre a insatisfação dos deputados federais quanto à prisão de Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), foi em alto e bom som. O destinatário final da mensagem, claro, é o Supremo Tribunal Federal (STF).

Apesar de agir de forma educada e amistosa, Lira teria dito ao ministro da Justiça representar a insatisfação dos demais 512 deputados sobre o episódio, que alguns chegaram a tratar como “absurdo”.

Vale destacar que a maneira como foi traçada a conversa até que Lira chegasse ao gabinete do ministro é quase teatral.

Primeiro, Lira esperou o adiamento da análise da prisão pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Depois, o presidente da Câmara, em coletiva de imprensa, disse que era preciso respeitar o trâmite do regimento interno da Câmara e, por fim, “apareceu” no gabinete do ministro.

A Lewandowski, Arthur Lira afirmou que todos compreendem a gravidade das acusações que pesam sobre Chiquinho Brazão – acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco em 2018 –, mas ressaltou ser “inadmissível” a maneira como se deu a prisão em flagrante.

Nos bastidores, o diálogo foi lido como crucial para cravar o posicionamento dos deputados e senadores quanto ao que chamam de mais uma interferência do STF nas atribuições e prerrogativas dos parlamentares.

O entendimento é que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já tinha feito a sua parte ao agir “contra” o STF para defender a proposta que prevê mandatos para ministros da Corte e limita as decisões individuais dos magistrados, além da PEC que criminaliza a posse de qualquer quantidade de drogas.

A avaliação é de que, até então, faltava Lira “defender” o Parlamento. A cobrança ao presidente da Câmara vinha desde as operações de busca e apreensão realizadas nos gabinetes dos deputados Alexandre Ramagem (PL-RJ) e Carlos Jordy (PL-RJ).

Agora, o presidente da Câmara teria se redimido e feito “sua parte” ao dar voz às reclamações dos demais deputados federais.

No entanto, apesar de ter sido vista como crucial a “reclamação” de Arthur Lira junto a Lewandowski, parlamentares ouvidos pela CNN afirmam acreditar que a Câmara tem muitos caminhos para colocar Chiquinho Brazão em liberdade.

Uma ala tem até trabalhado para encontrar esse caminho e ficou esperançosa que o assunto pudesse esfriar com o adiamento da análise pela CCJ.

Por outro lado, até agora, a visão é que a votação aberta, ou seja, sendo possível saber como cada parlamentar votou, obrigará a maioria a manter a prisão de Brazão.

Mas não que ninguém se engane: se mantida a prisão de Brazão, será mais pelo apelo popular do que pela vontade dos deputados federais.


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