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porto velho, quarta-feira 9 de outubro de 2024
Profissionais da área durante evento para discutir o Planejamento de Ações de Saúde para 2019, em Porto Velho
MACHADINHO D´OESTE RO - O projeto rondoniense “Machadinho do Oeste a caminho da eliminação da malária” foi premiado com o título Campeões contra a malária nas Américas em 2018, promovido pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), em parceria com a Fundação das Nações Unidas, escola de Saúde Pública Milken Institute da Universidade George Washington e outras entidades, durante evento realizado em Washington, no dia 06 de novembro, comemorado o Dia da Malária nas Américas.
Roberto Nakaoka, coordenador estadual do Programa de Controle da Malária na Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa), representou o Estado no evento e trouxe o título, que ocupou o 3° lugar na premiação. Ele explica que prêmio incentiva o desenvolvimento de estratégias de combate à doença e que o Brasil já viveu experiências neste sentido, inclusive em 2016 ganhou o prêmio, por ter reduzido o número de casos de malária de maneira considerável, em vários Estados.
Em se tratando do município de Machadinho do Oeste especificamente, diferente do que se possa imaginar, a estratégia não se baseou somente na eliminação da fêmea do anofelino, o mosquito transmissor da malária e sim, no diagnóstico e tratamento das pessoas. “Somos nós (humanos) que levamos a malária para onde o parasita está. A contaminação começa pelos seres humanos, a partir daí tem início ao ciclo de contaminação da malária”, explica Nakaoka.
O combate ao mosquito é somente um dos eixos de combate à malária, em Machadinho do Oeste, mas para que o município apresente os dados positivos de hoje, foi preciso envolvimento total da atenção básica de saúde realizada na cidade e o principal, segundo Nakaoka, a conscientização das pessoas da comunidade em relação ao tratamento ser iniciado o mais rápido possível, para evitar o risco de proliferação da doença, por meio de contágio de mais mosquitos e mais pessoas.
As ações de acordo com o coordenador incluem visitas domiciliares dos agentes de Saúde porta a porta, ações nas escolas e em reuniões com a comunidade. “Um dos fatores mais importantes é que a comunidade entenda que faz parte das ações de combate, por meio da compreensão do ciclo da doença e da procura por ajuda a um Posto de Saúde o mais rápido possível”, resume Roberto.
AÇÕES PREMIADAS
Na prática entre as ações realizadas em Machadinho do Oeste incluem-se a contratação de profissionais de Saúde, feitas pelo município, e aquisição de motocicletas para facilitar a ida dos agentes às propriedades rurais. No local, os agentes ou fazem o teste rápido da malária ou levam a lâmina para análise na região urbana e retornam com o resultado para a pessoa analisada, de preferência no mesmo dia. “Quando a opção é o teste rápido, o profissional já leva o medicamento na bolsa. Caso o resultado seja positivo, o paciente inicia o tratamento no mesmo dia”, detalha Roberto.
Após esse primeiro passo, vem o segundo e tão importante quanto o diagnóstico: as ações de combate ao mosquito transmissor, por meio de borrifação das áreas de incidência da doença. “Por isso orientamos a população para que abra suas portas para essa ação. Dá um pouco de trabalho, é incômodo, mas é necessário, não somente para proteger os moradores da casa, mas de todo o entorno”, diz o coordenador.
Além disso, houve em Machadinho do Oeste colaboração do Município, Estado e União, com ações pontuais de combate à doença. “O município conseguiu mobilizar a mão de obra já existente e foi realizada uma articulação intersetorial, inclusive com contratação e envio de uma profissional pelo Ministério da Saúde para o local, além de contratação de microscopistas para colaborar com o diagnóstico da malária”, complementa Nakaoka.
O Estado de Rondônia, de maneira geral, apresentou dados positivos em relação à redução do índice da doença, saiu em 2006, de 96.145 mil casos para 6.734 mil, em 2017, mas os índices voltaram a subir, e ao final deste ano vão apresentar aumento de cerca de 15%, segundo Nakaoka, por pequenos deslizes e até mesmo comodismo, em decorrência do controle da doença. “Precisamos estar atentos à malária, inclusive os profissionais da Saúde, que às vezes se distraem e não solicitam o exame de malária. Este deve ser um dos primeiros exames a serem feitos”, lembra. “E em relação à população o conselho é: se sentir qualquer um dos sintomas da malária, procure imediatamente uma Unidade de Saúde para realizar o exame, se o resultado for negativo, aí sim, pode pesquisar para outras doenças. O que temos que ter em mente, e que foi o resultado positivo no combate em Machadinho é: quanto mais rápido for o diagnóstico e início do tratamento, aí sim, avançaremos verdadeiramente para a redução da doença”, reforça.