O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) declarou o empresário Luciano Hang, dono da rede varejista Havan, inelegível até 2028, em decisão proferida nesta quarta-feira (4/6). A Corte também condenou o prefeito de Santa Rosa (RS), Anderson Mantei (PP), e seu antecessor, Alcides Vicini (PP), por abuso de poder político e econômico nas eleições municipais de 2020. 

A ação, movida pela coligação União do Povo por Santa Rosa, liderada pelo candidato derrotado Orlando Desconsi (PT), aponta irregularidades em um evento promovido por Hang quatro dias antes do pleito, que teria favorecido Mantei. 

O caso gira em torno de um evento realizado em um terreno destinado à construção de uma loja da Havan em Santa Rosa, cidade de cerca de 77 mil habitantes, localizada a 300 km de Porto Alegre. 

Durante o ato, Hang usou a estrutura da empresa, incluindo um avião, e fez promessas de investimento no município para pedir votos abertamente para Mantei, enquanto criticava o PT e seu candidato, Desconsi.

“Você acha que eu, como empresário, estaria aqui investindo no município se não acreditasse no prefeito e na prefeitura? A esquerda odeia o empresário, quer todo mundo na miséria para dar uma bolsa miséria”, declarou Hang na ocasião, conforme registrado em vídeo. 

O relator da ação, ministro André Ramos Tavares, destacou que o empresário utilizou a promessa de instalação da Havan e os recursos da empresa para influenciar o resultado eleitoral, descredibilizando candidaturas de esquerda, especialmente a de Desconsi.

“Luciano Hang teve papel central na conduta investigada, utilizando a estrutura e os recursos da Havan para enaltecer candidaturas específicas”, afirmou Tavares. A pequena diferença de 3.417 votos entre Mantei e Desconsi no pleito de 2020 reforçou a gravidade do ilícito eleitoral, segundo o ministro. 

Além de Hang, Mantei e Vicini também foram considerados culpados por participação ativa no evento e pela divulgação em redes sociais, recebendo a mesma pena de inelegibilidade até 2028. O deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), também réu, foi absolvido por falta de provas de envolvimento direto.