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porto velho, terça-feira 9 de dezembro de 2025

PORTO VELHO - RO - Rondônia chega ao fim de 2025 em um cenário alarmante: o estado está, na prática, ilhado por ar. As três maiores companhias aéreas do país — Latam, Gol e Azul — reduziram drasticamente suas operações no estado, provocando tarifas exorbitantes, oferta limitada e um colapso silencioso na mobilidade da população.
A situação mais crítica é a da Azul, que cortou 50% dos voos para Rondônia, passando a operar apenas duas vezes por semana. As demais companhias seguiram movimento semelhante, diminuindo frequências e aumentando preços muito acima da média nacional.
Hoje, sair de Porto Velho para qualquer capital brasileira custa entre R$ 5 mil e R$ 6 mil, mesmo em trechos tradicionais. Uma compra emergencial para Manaus ultrapassa R$ 4 mil, valor incompatível com a renda e as necessidades da população local. Diante desse quadro, muitos viajantes estão optando por longas viagens terrestres — uma alternativa que também pesa no bolso com o preço elevado dos combustíveis, alimentação e pousada.
Para quem precisa viajar ao Sul do país, o cenário é ainda mais dramático. Com a baixa oferta em Porto Velho, muitos rondoniense têm recorrido à estrada até Cuiabá, em uma jornada de cerca de 1.500 quilômetros, para conseguir tarifas até 70% mais baratas do que as praticadas na capital rondoniense.
Apesar da gravidade do problema, órgãos reguladores, bancadas legislativas e autoridades estaduais têm adotado postura de silêncio e omissão. Nem Procon, nem ANAC, nem Ministério Público — tampouco o Governo do Estado — apresentaram medidas concretas que enfrentem o encarecimento abusivo das passagens ou a redução drástica da oferta.
O resultado é um estado composto majoritariamente por migrantes — que dependem do transporte aéreo para rever familiares — isolado em pleno fim de ano, em um dos períodos de maior demanda do calendário brasileiro.
A falta de ação institucional reforça a percepção de vulnerabilidade do consumidor rondoniense diante de um mercado altamente concentrado e sem mecanismos efetivos de fiscalização.
Enquanto o cartel aéreo avança, Rondônia permanece de joelhos — e a população, refém, enquanto o judiciário faz ‘ouvido de mercador’.