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porto velho, sábado 13 de dezembro de 2025

Teixeirão, a faca nos dentes e o Agro que transformou o chão de Rondônia em riqueza
Arimar Souza de Sá
RONDÔNIA - Há homens que não passam — atravessam o tempo como flechas de luz, deixando marcas gravadas de forma indelével no peito da história. São faíscas humanas, dessas que rasgam a mata bruta, levantam cidades e escrevem o próprio nome no chão quente da ousadia humana. Jorge Teixeira de Oliveira — o Teixeirão — era um desses clarões. No nascimento do Estado, virou um trator de carne e osso, avançando com a faca entre os dentes e o inseparável traje Safari cáqui, abrindo picadas e rompendo intempéries, como quem abre destinos.
Chegou ao velho Território de Rondônia em 10 de abril de 1979, como governador, vindo de Manaus, onde fora prefeito. Reempossado após a criação do Estado, assumiu oficialmente a administração em 4 de janeiro de 1982. Pisou na estrada sem manual, sem roteiro, sem conchavos, sem tapinha nas costas — só coragem, fé e urgência. E onde havia poeira, plantou cidades; onde havia silêncio, fincou estacas. Regularizou terras, ergueu estradas, puxou telégrafos, instalou DDD e DDI, levantou o Ginásio Cláudio Coutinho e moldou a estrutura de um Estado recém-nascido — (Assembleia, Judiciário, Tribunal de Contas) — tudo inventado na marra, no braço, a machado e esperança.
Quem o conheceu constatou: Teixeirão não governava — implantava e não se curvava à chantagem política. Cravava a própria alma no imo da selva, enquanto o fotógrafo Rosinaldo Machado eternizava cada passo com sua velha Kodak. Popular, abraçava sem distinção, desprezando pompas de gabinete. Seu território era o chão batido. Onde passava, deixava obra. Quando falava, arrastava multidões. E quando precisava, asfaltava — e asfaltou a BR-364, a grande artéria por onde Rondônia respira até hoje.
Misturado ao povo, seu carisma elegia até pedras. No peito e no grito elegeu uma série de políticos e colocou três senadores no mapa da geopolítica com o slogan que ecoava pelos rincões:
Quem é Teixeira é Odacir.
Quem é Teixeira é Galvão Modesto.
Quem é Teixeira é Claudionor Roriz.
O povo o seguia em procissão, porque via naquele coronel de safari a força bruta dos desbravadores e a pressa dos que sabem que o tempo não aceita enrolação e muito menos espera.
Mas gigantes raramente desfrutam das estradas que abrem. Criou um Estado, acendeu a “Nova Estrela no Azul da União” e partiu pobre, levando apenas fotografias, lembranças e o cansaço honrado de quem deu tudo por Rondônia. Morreu de infarto em 28 de janeiro de 1987, no Rio de Janeiro, longe da terra que pariu — mas vive, e viverá, na memória de um povo que aprendeu a pronunciar Rondônia como promessa a partir de suas pegadas.
Quarenta e quatro anos se passaram.
A estrela que criou virou farol, a poeira virou safra e o
Estado que ele plantou virou gigante.
Teixeirão era um visionário, enxergou futuro onde ninguém via nada. O agro — filho tardio do braço e da fé do coronel — tomou a dianteira e transformou essa visão em potência. Rondônia tornou-se um colosso que talvez nem ele ousasse sonhar. Ontem, onde aquele trator humano abriu picadas, tratores de aço hoje desenham campos geométricos, gerando emprego, renda e muita riqueza. Soja, milho, café, gado e tecnologia, tecem esse corredor de prosperidade que vence fronteiras.
Municípios que Teixeirão “plantou” hoje colhem recordes. Regiões antes isoladas viraram centros logísticos. E a BR-364, pavimentada à força de vontade, tornou-se a veia por onde descem caminhões carregados de milho, soja e sonhos — e aquilo que um dia foi mato, virou promessa de progresso.
No estado que Teixeirão plantou, o campo colheu o desenvolvimento.
A base que ele ergueu; a terra fez florescer prosperidade.
E a herança simbólica que dele restou; o agro entregou a herança material.
E assim seguimos:
com a memória de Teixeirão servindo como exemplo cravado no peito,
e com o agro, essa força bruta da economia rondoniense, abrindo o futuro a cada safra.
Se ele pudesse me ouvir, eu diria, de chapéu tirado:
Coronel, Rondônia — esse menino que o senhor pariu na marra — cresceu. Virou colosso, guiado pela estrela que o senhor acendeu no azul da União. E nós, a brava gente desta terra, seguimos regando a semente que deixou. O senhor partiu… mas Rondônia, seu filho teimoso, segue de pé — florescendo exatamente como um dia o senhor sonhou.
SALVE O TEIXEIRÃO, SALVE O AGRO! SALVE OS DESTEMIDOS PIONEIROS
AMÉM!