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porto velho, sábado 23 de novembro de 2024
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PORTO VELHO-RO- Na manhã de terça-feira (24), Porto Velho amanheceu com uma densa cortina de fumaça. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), detectaram através do satélite de referência, 210 focos de queimadas na capital desde domingo (22). Somente em agosto, já são 1.429 casos.
Os números são perceptíveis desde as primeiras horas do dia. Levada pelo vento, a fuligem e fumaça atingem estabelecimentos e casas e prejudica a saúde de idosos, crianças e da população em geral.
Favorecidas pelo tempo seco com calor e baixa umidade, as queimadas se espalham por todo o estado, mas em Rondônia, a capital lidera a lista das cidades com mais focos do país.
Na segunda-feira (23), foram registrados 462 focos, sendo 186 em Porto Velho, 98 em Candeias do Jamari e 70 em Cujubim.
Em Rondônia, o número é o maior já registrado este ano e 310% maior que o do mesmo dia do ano passado.
Entre os dias 1º e 23 de agosto de 2021 já foram captados 3.278 focos de fogo em território rondoniense, superando os 3.087 registrados em todo o mês de agosto em 2020.
VEJA O COMPARATIVO:
2020 | 2021 | |
Focos no dia 23 de agosto | 149 | 462 |
Focos entre os dias 1º e 23 de agosto | 2.288 | 3.278 |
Focos em todo o mês de agosto | 3.078 | - |
Fonte: Inpe
DOENÇAS RESPIRATÓRIAS CAUSADAS POR FUMAÇAS
Queimadas provocam aumento no número de pessoas buscando socorro médico, fumaça de incêndios, atacam pulmões e coração.
A saúde humana é afetada pelas queimadas porque a fumaça proveniente dela contém diversos elementos tóxicos.
O mais perigoso é o material particulado, formado por uma mistura de compostos químicos. São partículas de vários tamanhos e as menores (finas ou ultrafinas), ao serem inaladas, percorrem todo o sistema respiratório e conseguem transpor a barreira epitelial (a pele que reveste os órgãos internos), atingindo os alvéolos pulmonares durante as trocas gasosas e chegando até a corrente sanguínea.
Outro composto prejudicial é monóxido de carbono (CO). Quando inalado, ele também atinge o sangue, onde se liga à hemoglobina, o que impede o transporte de oxigênio para células e tecidos do corpo.
A lista de problemas provocados pela inalação da fumaça de queimadas é grande. Os mais leves são dor e ardência na garganta, tosse seca, cansaço, falta de ar, dificuldade para respirar, dor de cabeça, rouquidão e lacrimejamento e vermelhidão nos olhos.
As queimadas não só pioram, como também desencadeiam essas mesmas enfermidades, assim como as cardiovasculares, insuficiência respiratória e pneumonia. Além disso, provocam quadros de alergia e, quando a exposição é permanente, há o risco de desenvolvimento de câncer, e piorar os sintomas da Covid-19, que podem ser fatal.
AÇÕES DE PREVENÇÃO E CONSCIENTIZAÇÃO
Governo Federal
O Decreto 10.735/2021 , publicado governo federal, proíbe por um período de 120 dias o emprego de fogo em práticas agropastoris e florestais, a contar da data de publicação do decreto (28 de junho de 2021). A medida é válida para todo o território nacional.
O decreto permite algumas exceções como as práticas agrícolas de subsistência de populações tradicionais e indígenas; e atividades de pesquisa científica realizadas por Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação e controle fitossanitário, desde que autorizadas pelo órgão ambiental competente.
Segundo a organização Greenpeace, os quase 5 mil focos registrados na Amazônia, pelo Inpe, no mês passado são ilegais e mostra que as ações do governo federal são ineficientes para proteger o bioma.
Ações do Governo de Rondônia
O Governo de Rondônia, por intermédio da Coordenadoria de Educação Ambiental (Ceam), da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam) tem intensificado as ações de conscientização para prevenção às queimadas e incêndios florestais em todo território rondoniense.
Rondônia conta com 17 unidades do Erga, atuantes em todo o Estado em conjunto com a Ceam e em parceria com outros órgãos. De acordo com a bióloga da Sedam, Wanda Senatore, a população tem sido receptiva e participativa nas ações de conscientização de combate às queimadas.
A Sedam vem atuadno com base no Plano de Gestão Ambiental de Prevenção e Combate às Queimadas e Incêndios Florestais, primando fortalecimento das parcerias para aplicação das ações de orientação e prevenção quanto à prática do crime ambiental.
Foram intensificadas nas redes sociais do Governo de Rondônia, números de telefone para denúncias, sendo eles: Sedam: 0800-647 1150 e Polícia Ambiental: 190.
Prefeitura de Porto Velho
A Prefeitura de Porto Velho vem intensificando as ações de combate a esse tipo de degradação. A principal linha de atuação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Sema) foi a campanha de conscientização e educação ambiental.
Com a chegada do verão amazônico, a estratégia ganha outro foco, conforme explica Diego Pereira, diretor do Departamento de Fiscalização Ambiental. “A fase de educação ambiental já passou, visto que já estamos no período de estiagem. Hoje trabalhamos diretamente com a identificação e autuação dos infratores que insistem em cometer esse tipo de crime ambiental”, explica.
Os trabalhos da pasta consistem, agora, no recebimento de denúncias e fiscalização desse tipo de degradação que costuma ganhar força no período mais seco do ano.
A Sema conta com dois canais para o registro das infrações: 0800-647-1320 e 9 8423-4092 (Whatsapp) que funcionam das 8h às 19h, de segunda a sexta-feira e aos finais de semana, das 13h às 19h.
“Das ocorrências registradas, 75% são verídicas. Porém, muitas denúncias não apresentam um endereço completo. No Whatsapp, as pessoas enviam vídeos de focos de queimadas, mas sem informações suficientes de localização”, explica o diretor.
A expectativa é de que as equipes da Prefeitura continuem com os trabalhos dobrados até o mês de outubro, período em que ocorre o retorno das chuvas.