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porto velho, quinta-feira 28 de novembro de 2024
BRASIL: O dólar à vista fechou a terça-feira (17) muito próximo da estabilidade ante o real, numa sessão marcada pela volatilidade, com dados do setor de varejo nos EUA dando certo suporte às cotações, mas não o suficiente para sustentar os ganhos durante todo o dia.
O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 5,0351 na venda, em leve baixa de 0,04%. Em outubro, a moeda norte-americana acumula alta de 0,16%.
No início do dia, a moeda norte-americana chegou a oscilar em baixa ante o real, dando continuidade ao movimento da véspera, mas os dados do varejo dos EUA, divulgados às 9h30, deram força às cotações tanto no exterior quanto no Brasil.
O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira, conforme dados econômicos norte-americanos corroboraram o cenário de juros elevados por mais tempo nos Estados Unidos e o conflito entre Israel e Hamas continuou freando o apetite a risco global.
A pressão negativa, contudo, foi amortecida pelo avanço das ações da Petrobras, após a divulgação de dados recordes de produção pela companhia no terceiro trimestre.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,54%, a 115.908,43 pontos. Na máxima do dia, chegou a 116.916,68 pontos (+0,33%). Na mínima, a 115.563,93 pontos (-0,83%). O volume financeiro somou R$ 21,2 bilhões.
O Departamento do Comércio informou que as vendas no varejo dos EUA aumentaram 0,7% em setembro, após alta de 0,8% em agosto, em dado revisado para cima. Economistas consultados pela Reuters projetavam elevação de 0,3% nas vendas no mês passado.
Em reação, os rendimentos dos Treasuries ganharam força, assim como o dólar em relação a boa parte das demais divisas. Por trás do movimento estava a leitura de que, com uma economia aquecida, os EUA precisarão manter os juros em níveis elevados por mais tempo.
No Brasil, a moeda norte-americana à vista marcou a máxima de R$ 5,037 (+0,59%) às 10h37.
“O dólar ficou volátil, sem direção única. Ele abriu em queda, em um movimento apoiado aparentemente pela alta das commodities, mas virou acompanhando o movimento lá fora”, comentou Fernando Bergallo, diretor da assessoria de câmbio FB Capital. “O DXY (índice do dólar) se fortaleceu, após os novos dados dos EUA apoiarem (a ideia de) juros altos por lá”, acrescentou.
A alta da moeda norte-americana, no entanto, arrefeceu no exterior e, em paralelo, no Brasil. O dólar à vista virou e chegou a marcar a mínima de R$ 5,0103 (-0,53%) às 13h26, mas novamente voltou para perto da estabilidade durante a tarde, em sintonia com o índice do dólar, que também não tinha força para se afastar do nível de fechamento da véspera.
Investidores seguiam atentos aos desdobramentos do conflito entre Israel e Hamas no Oriente Médio e à espera de declarações de autoridades do Federal Reserve, previstas para os próximos dias.
Durante a tarde, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, reconheceu que o conflito entre Israel e Hamas acentua a atenção da autarquia quanto ao preço do petróleo e à cotação do dólar. Uma das preocupações é justamente se o conflito vai extrapolar para algo mais global, com efeitos sobre a política monetária brasileira.
Nos EUA, os rendimentos dos títulos do Tesouro avançaram após dados de varejo. O Treasury de 10 anos marcava 4,8383% no final do dia, enquanto o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, fechou quase estável.
Para o especialista da Blue3 Investimentos Victor Hugo Israel, o crescimento bem acima das expectativas nas vendas do varejo nos EUA foi o catalisador do dia.
O resultado corrobora um cenário em que "o banco central norte-americano deve, no mínimo, manter os juros em patamares elevados por um período bem mais longo do que aquilo que era projetado (pelo mercado)", afirmou.
De acordo com o Departamento de Comércio, as vendas no varejo aumentaram 0,7% no mês passado, enquanto os dados de agosto foram revisados para cima, mostrando um aumento de 0,8% nas vendas, em vez de 0,6%, conforme informado anteriormente.
Economistas consultados pela Reuters previam alta de 0,3% em setembro.
"Os Estados Unidos vêm apresentando dados fortes na economia e provavelmente o banco central americano deve seguir com discurso duro", acrescentou o analista da VG Research Lucas Lima.
Para ele, esse cenário nos EUA dificulta uma aceleração no ritmo de cortes pelo Banco Central no Brasil, mesmo com dados como o do setor de serviços no país divulgados nesta terça-feira, mostrando uma contração inesperada em agosto ante julho.
Agentes financeiros também continuam cautelosos com potenciais desdobramentos envolvendo a guerra entre Israel e o grupo palestino Hamas, como o envolvimento de outros países, além do risco de fracasso dos esforços diplomáticos.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, visitará Israel na quarta-feira para demonstrar apoio no conflito contra o Hamas, enquanto Washington também busca reunir os Estados árabes para ajudar a evitar uma guerra regional mais ampla.
"Ainda é muito cedo para baixar a guarda" ponderou a analista sênior do Swissquote Bank, Ipek Ozkardeskaya, em nota a clientes, referindo-se ao posicionamento mais defensivo em relação a ativos considerados mais arriscados.
Nesta terça-feira, um ataque aéreo matou centenas de pessoas em um hospital da Cidade de Gaza, segundo autoridades de saúde locais. Israel negou ser responsável, atribuindo o ataque ao grupo palestino Jihad Islâmica.