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porto velho, domingo 10 de novembro de 2024
BRASIL: O real é a quarta moeda com maior valorização em 2021, segundo levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating. A moeda do Brasil acumula no ano ganho de 3,6% em relação ao dólar, considerando o fechamento desta terça-feira (22), quando a cotação da moeda norte-americana no país fechou abaixo de R$ 5 pela primeira vez em mais de 1 ano.
O ranking usa a cotação do dólar PTax (taxa calculada pelo Banco Central) e compara a variação de 120 moedas. A apreciação do real frente ao dólar só perde para as divisas da Geórgia (4%), Moçambique (15,4%) e Ilhas Seychelles (33,6%).
O levantamento mostra que a valorização do real supera a das moedas de grandes economias como Canadá (3,2%) e Reino Unido (2,3%), e também de outros emergentes como África do Sul (1,9%) e Rússia (1,8%).
Na outra ponta, as moedas que mais se desvalorizaram no ano frente ao dólar foram as do Sudão (-87,4), Líbia (-70,3%) e Venezuela (-65,4%).
Importante lembrar que no ano passado, o real foi uma das moedas que mais se desvalorizaram no mundo. Segundo o levantamento da Austin Rating, a moeda brasileira teve o 6º pior desempenho no mundo frente ao dólar, acumulando em 2020 uma desvalorização de 22,4%.
Da lista de 120 países do ranking, o real só ganhou em 2020 das moedas da Venezuela (-95,7%), Ilhas Seychelles (-33,5%), Zâmbia (-33,4%), Argentina (-28,8%) e Angola (-22,4%).
Somente na parcial de junho, o dólar já acumula um recuo de mais de de 5% frente ao real.
Nas últimas semanas, a valorização do real tem sido sustentada pela expectativa de uma alta mais acentuada e mais rápida na taxa básica de juros no Brasil e pela percepção dos investidores de uma política monetária mais tolerante nos Estados Unidos.
Na semana passada, o Banco Central promoveu a terceira alta consecutiva de 0,75 ponto percentual da taxa Selic, a 4,25%, e a ata de seu encontro mostrou que o Comitê de Política Monetária (Copom) indicou um possível aperto maior em seu encontro de agosto.
Juros mais altos no Brasil aumentam a taxa de retorno dos investidores que aplicam em real, tornando o mercado de renda fixa do Brasil mais interessante para os investidores estrangeiros, o que tende a aumentar a entrada de dólares no país e, por consequência, contribui para um dólar mais barato.
Já nos EUA, o Federal Reserve (Fed) decidiu manter suas taxas de juros inalteradas e o chair do BC dos EUA, Jerome Powell, disse na terça-feira que a alta na inflação norte-americana é transitória, reduzindo as preocupações do mercado de uma possível antecipação do início do ciclo de alta de juros nos EUA. Ou seja, o cenário tende a continuar favorável para o fluxo de dólares para o Brasil.
"Isso vai melhorando o chamado diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos e isso atrai um pouco mais os investidores internacionais e melhora a perspectiva para o real", afirma Alex Agostini, economista chefe da Austin Rating.
Outros fatores que contribuem para a queda do dólar no Brasil, segundo ele, é o avanço da vacinação contra a Covi-19 no Brasil, os bons resultados das contas externas e a melhora das expectativas para a recuperação da economia no segundo semestre.
"O Brasil vai melhorando a sua solvência em moeda estrangeira e isso vai dando um pouco mais de confiança aos investidores internacionais que acabam não tirando o dinheiro daqui ou trazendo dinheiro", acrescenta.
Ele alerta, porém, que alguns riscos dificultam uma queda mais acentuada do dólar por aqui.
"Por que o real não se valoriza ainda mais? Porque ainda tem os riscos da questão fiscal, que ainda seguem no radar com alguma preocupação, e o risco político. Toda a hora a gente vê pipocar uma notícia negativa em relação ao governo. E a CPI da Covid ainda está em curso", avalia.