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porto velho, domingo 24 de novembro de 2024
MUNDO - O dólar bateu na cotação máxima de R$ 5,3133, com alta de 1,39%, nesta quinta-feira (8), com saídas de capitais do país em um cenário de preocupação com o momento político, de acordo com operadores do mercado financeiro e economistas. É o oitavo dia seguido de alta na moeda americana.
Depois de a cotação atingir a máxima, o Banco Central anunciou leilão de venda de US$ 500 milhões, ajudando a aliviar um pouco a pressão. Com isso também, o real deixou de ter o pior desempenho entre as moedas de países emergentes, dando lugar ao peso chileno.
Às 13h22, o dólar tinha queda de 0,32%, sendo cotado a R$ 5,2238. A Bolsa brasileira caía 1,13%, chegando aos 152.586, 49 pontos.
Antes dessa intervenção, as cotações do dólar desaceleraram ante o real em meio à ampliação da queda do índice DXY, que mede a variação da moeda americana ante seis pares, diante do fortalecimento do euro, após a presidente do Banco Central Europeu falar sobre a reestruturação do programa de política monetária da instituição e deixar claro que a economia europeia precisa de mais estímulos.
No Brasil, o mercado também acompanha os desdobramentos do conflito entre Forças Armadas e o Senado. O estrategista Jefferson Laatus, do grupo Laatus, diz ainda que as críticas do presidente Jair Bolsonaro a membro do STF, principalmente ao ministro Luis Roberto Barroso, demonstra que os três poderes estão totalmente desalinhados, gerando instabilidade política e dúvidas sobre andamento das reformas. "Vamos acompanhar os próximos passos da crise e como será gerenciada para avaliar os riscos à governabilidade."
Nesse ambiente, o IPCA de junho, que desacelerou para 0,53%, depois da alta de 0,83% em maio, ficou em segundo plano.
O operador Hideaki Iha, da corretora Fair, diz que "deu uma acalmada, depois da puxada às máximas com ajuda do leilão do BC e o enfraquecimento do dólar no exterior". "O mercado, agora, aguarda o desenrolar da tensão política interna", avalia.
Bolsa tem queda
O Ibovespa, principal índice da B3, voltou a cair para a faixa dos 124 mil pontos, em meio à aversão a risco no exterior, diante das preocupações com o desaquecimento econômico global. O temor é de que a variante Delta de coronavírus ganhe força no mundo, de forma a comprometer a recuperação econômica em andamento.
Um indício considerável em relação a essa percepção nesta quinta-feira veio da China. O país, que vinha se destacando pelo ritmo de recuperação acelerado, virou fonte de dúvidas depois que o governo sinalizou possível relaxamento monetário, em um momento em que se esperava redução de estímulos.
Os mercados acionários na Europa e nos EUA, que já estavam em queda, aprofundaram as perdas após a notícia do governo chinês. "De certa forma, indica uma preocupação com o enfraquecimento da economia, e coloca mais lenha na fogueira nessas preocupações com a recuperação da economia global", avalia, em nota, Jennie Li, estrategista de ações da XP.
A piora dos mercados é o somatório de vários fatores, segundo Roberto Attuch Jr., CEO da Ohmresearch. "Na verdade, o que está acontecendo, e estamos batendo nesta tecla há algum tempo, é que quem está preocupado com a inflação está há alguns meses atrasado. A preocupação é com o crescimento", avalia.