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    porto velho, sexta-feira 27 de setembro de 2024

Conheça os motivos da demissão de Cléber Machado e a sucessão de Galvão Bueno

O sonho de suceder Galvão Bueno virou demissão


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Publicada em: 23/03/2023 16:43:45 - Atualizado

Eu estava saindo da sala de Ciro José, diretor de jornalismo esportivo da TV Globo. Ele havia me dado uma entrevista para o Jornal da Tarde. O assunto: monopólio das transmissões de futebol.

Quando estou para ir embora, vejo Cléber Machado. Ele era repórter e narrador da TV Gazeta. Eu o conheço porque também escrevia algumas matérias para o JT.

Ele fica vermelho ao me encontrar. Me chama de lado e fala bem baixinho.

"Cosme, por favor, não escreva que eu vim para a Globo. Preciso falar antes para a TV Gazeta. Quero sair numa boa."

Entendi a situação e garanti que não escreveria nada.

Cumpri o pacto.

Cléber Machado tinha 25 anos.

Já o encontrava em coberturas de clubes e jogos, sempre muito dedicado, estudioso, falante.

Ao longo dos últimos 35 anos, foram várias vezes que nos vimos.

Muito estudioso, de estilo mais contido, mas com opinião firme sobre o que seria mostrado.

Enquanto Galvão Bueno dominava os jogos da Seleção e os torneios mais importantes, Cléber se solidificou como a voz da Globo no futebol de São Paulo.

Versátil, fez história no comando do programa Arena, debates sobre futebol no canal a cabo da emissora carioca, o Sportv.

Narrou corridas de Fórmula 1, boxe, vôlei, basquete, São Silvestre.

Cleber, a partir de 1998, com a chegada de Luis Roberto, passou a ter um sério concorrente para ser o segundo narrador da Globo. O substituto de Galvão Bueno.

Luis Roberto, também paulista como Cléber, se fixou nas transmissões do Rio de Janeiro. Enquanto Galvão ficava com as partidas da Seleção e os jogos mais importantes dos confrontos nacionais entre os clubes.

O estilo mais vibrante, mais alegre de Luis Roberto contou muito na silenciosa briga de bastidores para substituir Galvão. A preferência pessoal da chefia no Rio de Janeiro também trabalhou contra Cléber Machado.

Como em todo lugar, além do talento, contam as oportunidades. E elas passaram a ser maiores, mais constantes para Luis Roberto.

Os dois narraram desde Copa do Mundo. Olimpíada até Carnaval.

E a alegria de Luis Roberto se impôs, além do óbvio fato de ser excelente narrador.

Bordões dos dois lados, narrações importantes, inesquecíveis.

Enquanto Galvão Bueno caminhava para a aposentadoria forçada.

Acompanhando os 'novos tempos', a Globo decidiu que precisava ter mulheres narrando futebol. E elas foram contratadas. Renata Silveira, a principal delas, trabalhou na Copa do Catar.

O Mundial de 2022 serviu como referência do que estava para vir. Cleber Machado foi deixado de lado. Transmitiu jogos dos estúdios no Brasil, não foi para a Ásia.

Péssimo sinal, em um momento de profunda reformulação na TV Globo. Por conta da crise financeira e, principalmente, pelo investimento no streaming.

O também paulista Gustavo Villani surgiu como um raio na Globo.

Assim como Luis Roberto, Villani teve a escola da extinta rádio Globo de São Paulo, seguindo a maneira vibrante de transmitir de Osmar Santos, herdada por seu irmão Oscar Ulisses.

19 anos mais novo que Cleber Machado, Villani passou pela ESPN, ficou quatro anos importantes na extinta Fox Sports e, em fevereiro de 2018, indicado por Galvão Bueno, que o via como seu futuro substituto, passa a trabalhar na Globo.

Villani é outro paulista.

A hierarquia da emissora carioca dos narradores passou a ter Galvão Bueno, depois Luis Roberto, em seguida. Gustavo Villani se revezava nos jogos importantes de competições nacionais entre Globo, Sportv e Premiere.

E Cleber seguiu com as partidas importantes dos paulistas.




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