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porto velho, domingo 24 de novembro de 2024
RONDÔNIA: Rondônia enfrentou um aumento alarmante de 113,7% nos conflitos no campo em 2023 em comparação ao ano anterior, conforme indica o relatório anual da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Este crescimento coloca o estado no 4º lugar no ranking nacional de conflitos agrários, atingindo o maior número de incidentes registrados nos últimos sete anos.
A maior parte dos conflitos envolve disputas pela terra, com 162 ocorrências registradas em 2023, um número significativamente maior que as 87 denúncias de 2022. As principais vítimas dessas disputas são trabalhadores sem terra, posseiros e indígenas, representando 39,5%, 26,5% e 17,9% dos casos, respectivamente.
Os responsáveis por esses conflitos, de acordo com o relatório, são majoritariamente fazendeiros e grileiros. As ações violentas, incluindo ameaças, invasões e destruição de propriedades, têm sido intensificadas, especialmente na região Norte do estado, onde a expansão do agronegócio, especialmente da pecuária e do cultivo de soja, tem pressionado as populações rurais.
Além dos conflitos por terra, Rondônia também registrou um aumento significativo nos conflitos relacionados à água, com um crescimento de 185,7% em relação a 2022. A maioria desses casos ocorreu em Porto Velho, onde grandes projetos, como a construção de hidrelétricas, têm impactado severamente o acesso aos recursos hídricos, afetando mais de 5 mil famílias em 20 municípios.
A violência contra pessoas também é um aspecto preocupante deste cenário, com 76 dos 186 conflitos reportados envolvendo ameaças diretas de morte, especialmente contra camponeses sem terra. A ameaça crescente sobre essas comunidades tem sido atribuída ao avanço desenfreado do agronegócio, que continua a expandir suas fronteiras em detrimento dos direitos das populações tradicionais.
A Comissão Pastoral da Terra, por meio do Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno (CEDOC), destacou que a intensificação desses conflitos é um reflexo da falta de medidas eficazes para proteger as comunidades do campo e garantir seus direitos territoriais.