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porto velho, domingo 24 de novembro de 2024
RONDÔNIA: O avanço do desmatamento e das queimadas em Rondônia pode resultar na extinção de um dos principais grupos de polinizadores do estado, as abelhas-das-orquídeas, também conhecidas como Euglossini.
Este é o alerta feito por Cristiano Feitosa Ribeiro, pesquisador da área de Ciências Biológicas, que liderou um estudo recentemente publicado na revista Conservação Biológica.
De acordo com o estudo, que envolveu a coleta de mais de 2 mil abelhas de 48 espécies diferentes em Rondônia, as mudanças no uso da terra estão afetando drasticamente a sobrevivência dessas abelhas. “Espécies mais sensíveis às condições ambientais podem desaparecer em ambientes degradados, enquanto aquelas mais tolerantes podem aumentar em número, causando um desequilíbrio ecológico”, explica Cristiano.
A pesquisa, que se concentrou em áreas de floresta preservada e em regiões de assentamento, revelou que as áreas conservadas abrigam uma maior diversidade de abelhas-das-orquídeas. Essas abelhas são essenciais para a polinização de plantas em florestas tropicais, desempenhando um papel crucial na produção agrícola, ao influenciar diretamente a quantidade e qualidade de frutos e sementes.
Rondônia, um dos estados com maior diversidade de abelhas-das-orquídeas no Brasil, já identificou mais de 50 espécies desse grupo. No entanto, a contínua perda de habitat devido ao desmatamento está colocando em risco essa biodiversidade. Uma das espécies destacadas no estudo, a Euglossa analis, é um indicativo de ambientes bem conservados, mas a destruição das florestas pode torná-la cada vez mais rara.
O estado de Rondônia registrou 2.082 focos de queimadas nos primeiros sete meses de 2024, um aumento alarmante de 183% em relação ao ano anterior. Além disso, mais de 9 mil hectares de floresta foram desmatados este ano, uma média de 291,4 hectares por dia, segundo dados da plataforma MapBiomas.
Cristiano Feitosa Ribeiro e sua equipe alertam para a importância de conservar os habitats naturais dessas abelhas, não apenas para garantir a sobrevivência das espécies, mas também para manter o equilíbrio dos ecossistemas e a sustentabilidade da produção agrícola na região.
O estudo ressalta a urgência de políticas ambientais que protejam as áreas de floresta ainda existentes e promovam a recuperação de áreas degradadas, de modo a preservar a rica biodiversidade de Rondônia e evitar a extinção dessas importantes polinizadoras.