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porto velho, sábado 23 de novembro de 2024
JI-PARANÁ, RONDÔNIA - Quem vê canos em cima do telhado e uma estrutura simples de madeira para dar suporte à caixa d’água, não imagina que toda esta simplicidade do projeto final, carrega uma bagagem de conhecimento bem maior do que os olhos podem ver. A estrutura faz parte de um projeto ambiental de acadêmicos de engenharia da Universidade Federal de Rondônia (Unir) e está levando economia de água e muita consciência para estudantes e professores com a captação de água da chuva em escolas.
O projeto “Olericultura escolar: educação ambiental, cidadania e sustentabilidade” já está implantado em duas escolas e em fase de implantação em uma terceira escola. Tudo começou no início do ano de 2015, quando dois estudantes de engenharia ambiental da Unir do campus Ji-Paraná, André Procópio e Gabriel Araújo, viram um projeto de captação de água na internet e propuseram ao professor desenvolver algo semelhante.
O professor topou orientá-los e os estudantes escreveram o projeto. A ideia deu certo desde o início, tanto é que os acadêmicos conseguiram bolsa para desenvolver o projeto. “Escrevemos, o professor corrigiu, fomos aprovados e conseguimos a bolsa. Depois, ele acabou se tornando o meu tema de Trabalho de Conclusão de Curso”, explica Procópio.
A partir de março de 2016, os acadêmicos começaram a executá-lo em uma escola na zona rural de Ji-Paraná. Depois, a proposta também foi instalada na escola municipal José Antonio Bianco.
“Primeiro conhecemos o perfil da escola, levantamos qual era a percepção ambiental dos alunos, se tinha isso em sala ou não. Então, fizemos capacitação dos professores para que a educação ambiental conseguisse entrar em cada matéria”, explica.
Mas o projeto não fica apenas na teoria, o conhecimento também vai para a prática. Depois de todo processo de oficinas com professores, alunos e os pais, os acadêmicos começaram a colocar o conhecimento em prática implantando o sistema de captação de água da chuva.
“Desde o início, nosso planejamento era trazer isso para a escola, pois, além de trazer uma redução de custos, seria também um beneficio para as crianças, porque a conscientização dentro do ambiente escolar é muito maior, pois eles estão abertos ao aprendizado aqui”, afirma o acadêmico.
Para a implantação, a escola conseguiu um financiamento de R$ 2 mil. Mas não era o suficiente. Além da mão de obra ser dos próprios acadêmicos, algumas doações contribuíram para que a execução do projeto acontecesse.
Eles precisam de um reservatório de mil litros, canos, outro reservatório de água de lavagem e um filtro e para o sistema de distribuição, mais canos, registros, torneiras e materiais hidráulicos simples.
“É um projeto simples, gravitacional. São materiais que podem ser encontrados em qualquer loja de materiais para construção. Um projeto que pode ser desenvolvido em qualquer casa”, explica Procópio.
O sistema foi implantado em parte do telhado da escola. De acordo com o acadêmico, em cerca de 40 minutos de uma chuva razoável, é possível encher a caixa de água de mil litros.
A água que fica armazenada, passa por um filtro que elimina os resíduos mais grossos. A primeira água, ou seja, a água de lavagem que limpa o telhado, vai direto para outro reservatório, pois contém impurezas que o filtro não elimina.
Depois de cheia a caixa, é preciso esperar o processo de decantação, ou seja, que as impurezas que não foram filtradas se separem da água e fiquem na parte de baixo da caixa. Então, a água capturada, pode ser utilizada em todo o processo de limpeza ou para aguar as plantas.
A vice-diretora da Escola Municipal Antônio José Bianco, Eusiane Lima, conta que o projeto agregou muito ao conhecimento e economia da escola. Hoje, parte da limpeza da escola é feita com a água captada da chuva e, mais para frente, também será utilizada para aguar a horta que será plantada na escola. Porém, para Eusiane, o beneficio vai além da economia de água na hora da limpeza dos pátios da escola.
“A gente sempre busca por parcerias para somar com os conhecimentos que temos que desenvolver aqui na escola. A questão ambiental é muito presente e faz parte do currículo. Essa parceria veio para agregar de forma prática, deixando para escola algo realmente útil”, explica a vice-diretora.
O estudante, Mateus Costa Mandu, tem 10 anos e estuda no 4º ano do ensino fundamental, ele conta que aprendeu sobre a importância de cuidar da água, pois é um bem que pode acabar. “A água é muito importante. A gente usa para um monte de coisas, para beber e também para limpar as coisas. Com isso (o sistema de captação), vamos economizar e não estragar a água”, afirma o estudante.
Com anos 11 anos e no 5º ano do ensino fundamental, Anna Heloisa Pereira da Silva, já sabe quais são as hortaliças e vegetais que quer cultivar na futura horta da escola: alface, beterraba e cenoura.
Ela conta que aprendeu muito sobre a utilização da água e o quanto é importante cuidar e economizá-la. “A gente tem muita água salgada no mundo, mas pouca água doce, que é a que a gente usa. E não tem como a gente viver sem água. Então, tem que cuidar”, afirma.
Agora, depois de implantar o sistema em duas escolas, os alunos foram convidados para implantar o sistema de captação na Escola Estadual Jovem Gonçalves Vilela. Os trabalhos começaram em 2017 e, desta vez, o desafio é bem maior e com mais acadêmicos e voluntários se juntaram ao grupo.
“Nesta escola permanecemos com a reutilização da água da chuva, mas agora, ele vai suprir não apenas parte da necessidade de água não potável, mas toda a necessidade de água não potável da escola. Descarga dos banheiros, limpeza. Tudo que não é para ser ingerido”, explica Procópio.
O primeiro passo foi colher todos os dados para conhecer qual a necessidade da escola, e realizaram as palestras com professores e alunos. Agora o projeto está em fase de tabulação e deve ficar completamente concluído em junho d