• Fundado em 11/10/2001

    porto velho, segunda-feira 25 de novembro de 2024

Diretora adjunta e gerente de enfermagem da POC são denunciadas por assédio moral

Sindsaúde vai pedir apuração das autoridades e está acompanhando o caso


assessoria

Publicada em: 20/04/2023 09:21:30 - Atualizado

PORTO VELHO - RO - Uma servidora estadual da saúde denunciou na Delegacia de Polícia Civil, no Ministério Público e na Ouvidoria do Governo de Rondônia, as supostas práticas de assédio moral que tem recebido em seu ambiente de trabalho, na Policlínica Oswaldo Cruz (POC), apontando, respectivamente, a Diretora-geral, a adjunta e a chefe da enfermagem da unidade como assediadoras.

Na Ouvidoria, a denúncia feita por meio eletrônico no Portal Ouvidoria SUS, a servidora incluiu, além do assédio moral, práticas como injúria e difamação. Na Polícia Civil, a ocorrência foi registrada como Outros Ilícitos Penais consumado. A servidora já foi ouvida no Ministério Público e o Sindsaúde está acompanhado o caso através da Assessoria Jurídica.

A servidora denunciante possui 60 anos, dos quais 41 dedicados ao serviço público estadual e 31 na Policlínica Osvaldo Cruz, na função de auxiliar de enfermagem e já deu depoimento ao Ministério Público, onde relatou estar passando por “situações humilhantes no ambiente de trabalho frequentemente”. Em um dos episódios ela chegou a ser expulsa da própria sala onde trabalha pela chefe de recepção.

“Era final de turno e eu aguardava meu horário de saída. Ela chegou dizendo para eu me retirar da sala, pois ia trancá-la. Eu disse a ela que ainda estava esperando meu horário e ela de forma rude disse: tem um monte de cadeira aqui fora!”, relatou a servidora em depoimento à Promotoria.

Segundo a servidora, a ordem teria partido da própria diretora da unidade. “Ela me tirou da minha sala refrigerada e mandou eu ficar aguardando no corredor”, diz a servidora em outro trecho do depoimento a reclamar que foi expulsa da sala onde sempre trabalhou.

Em outro episódio, a servidora relata que a mesma chefe da recepção diz o seguinte: “Bora, mulher! Tu enrola demais!”, enquanto a servidora organizava a sala para que a equipe do dia seguinte encontrasse a sala arrumada. Mais uma vez, a sexagenária foi retirada da sala. “Me senti humilhada mais uma vez”, desabafou ela.

No final do mês passado, outra situação humilhante foi relatada no depoimento da servidora: houve a mudanças das salas e ninguém foi informado. Isso gerou problemas no atendimento ao público. Vários pacientes ficaram perdidos e sendo direcionados para salas erradas. Coube à servidora, a pedido dos médicos, saber o que estava acontecendo e o porquê de suas salas terem sido mudadas.

A servidora, tentando saber o que ocorreu, porque era de sua competência, acabou sendo humilhada mais uma vez, e ameaçada de ser retirada da função de secretária dos médicos e que estava se metendo demais no problema já que era apenas uma auxiliar operacional. Seu próximo local de trabalho, segundo as chefes, seria o saguão.

“(...) essa situação me abalou demais, acabei até passando mal (sou hipertensa), minha pressão ficou alta pois abalou meu psicológico, e chorei no meu trabalho pela primeira vez em tantos anos desempenhando minha função”, relembrou a servidora. E comentou ainda: “Me senti humilhada! Fui humilhada na frente de demais servidores como eu. Me senti diminuída, como se eu não tivesse utilidade nenhuma, pois era apenas uma operacional de serviço diverso”, disse a servidora no depoimento.

O Sindsaúde está acompanhando o caso através de sua assessoria jurídica. Segundo a presidente Célia Campos, é inadmissível que atitudes como essa, ainda ocorram no serviço público. “O caso ainda está em apuração e estamos acompanhando. Se não bastasse laborar em locais insalubres, ambientes sem a mínima condição de trabalho e ainda conviver com assédio moral, não podemos admitir. Servidores mal saíram do pesadelo da pandemia e enfrentam situações pessoais que nada acrescentam no bom atendimento ao usuário do SUS. Estamos falando de uma servidora que muito contribuiu para a saúde do Estado e deveria ser tratada com mais respeito”, disse Célia Campos.


Fale conosco