MUNDO: Em seu primeiro discurso ao Congresso dos Estados Unidos, que durou quase duas horas, Donald Trump defendeu sua agenda em seus dois primeiros meses de mandato e debochou do partido Democrata. Em diversos momentos, ele relembrou seu antecessor, Joe Biden, a quem se referiu como o “pior presidente da história do país”.

“Fizemos mais em 43 dias do que a maioria das administrações fizeram em 4 anos ou 8. E estamos apenas começando”, se gabou o presidente ao falar sobre as dezenas de ações que tomou até aqui em seu governo, muitas delas polêmicas, como a imposição de tarifas em produtos do México, Canadá e China, que especialistas dizem que aumentarão a inflação nos EUA.

O presidente ainda aproveitou para elogiar Elon Musk, que lidera o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE). Ele disse que o empresário até o momento tem feitos cortes importantes no estado norte-americano.

“Ele está trabalhando duro. Obrigado”, afirmou Trump. Ele ainda disse que encontrou “desperdício” e “golpes” em diversos programas financiados pelos EUA.

“Tem todos esses golpes e eles são muito piores, mas achei que não seria apropriado falar sobre eles”, ressaltou.

Sem provas, ele ainda disse que milhões de norte-americanos mortos recebem pagamentos do programa de assistência social. “Nós vamos descobrir para onde este dinheiro está indo”, disparou.

Boa parte do trabalho do DOGE está sendo alvo de ações na Justiça, uma vez que muitas de suas ações tem sido vistas como afrontas à Constituição dos EUA.

Tarifas

Trump ainda defendeu sua política tarifária e disse que ela já trouxe frutos para os Estados Unidos. Ele afirmou, por exemplo, que suas tarifas funcionaram como uma pressão para que o México o ajude no combate contra cartéis de drogas.

“Os cartéis estão fazendo uma guerra contra os EUA. Está na hora dos EUA realizarem uma guerra contra os cartéis. Há cinco noite, autoridades do México, devido à nossa política de tarifas, nos entregaram 29 dos maiores líderes de cartéis em seu país. Querem nos fazerem felizes. Precisamos que o Canadá e o México façam muito mais do que fizeram”, declarou.

O presidente ainda falou que impôs tarifas de 25% em toda importação de aço, alumínio cobre e madeira ao país e anunciou que no dia 2 de abril imporá tarifas em produtos agrícolas que entrarem nos EUA. “Haverá um período de ajustes, mas o fazendeiros ficarão felizes”, disse ele.

Trump acusou ainda outros países, até mesmo nações aliadas, de prejudicarem os Estados Unidos economicamente.

"Nós fomos roubados por décadas por todos os países da face da Terra, e não vamos deixar isso acontecer mais", pontou.

Reclamações sobre Democratas

Ao longo de seu discurso, Trump atacou o partido Democrata, a oposição, em diversas ocasiões. Ele chegou a reclamar, inclusive, que eles não aplaudiam nada do que ele dizia.

“Não há nada que eu possa dizer para os Democratas para deixá-los felizes, ou fazê-los se levantar, aplaudir. Só por essa noite, porque não se juntar a nós e celebrar tantas vitórias incríveis para os EUA? Vamos trabalhar juntos e fazer a os EUA grandes de novo”, declarou.

Ao longo do discurso, congressistas democratas vaiaram e levantaram cartazes com palavras de ordem como “mentira” e “Musk rouba”.

Após Trump declarar que obteve um mandato “histórico” e que havia ganhado o voto popular com uma grande margem – ele venceu por pouco mais de 1% – o representante Al Green, do Texas, rebateu, dizendo que ele “não tinha um mandato”. Por isso, ele foi expulso da sessão.

Cenário internacional

Trump mais uma vez voltou a falar de seus planos para o Canal do Panamá e para a Groelândia, que é um território autônomo sob a jurisdição da Dinamarca.

O presidente disparou que “tomará a Groenlândia de um jeito ou de outro. “Nós vamos fazer vocês ricos e juntos levaremos a Groelândia a alturas como aquelas que vocês nunca acharam que seriam possíveis”, disse.

Ele ainda disse que iria “retomar” o Canal do Panamá e falou sobre a guerra da Ucrânia após a briga pública que teve com o presidente Volodymyr Zelensky.

“Milhões de ucranianos e russos forem mortos ou feridos sem necessidade neste conflito horrível e brutal que não tem nenhum fim à vista", afirmou ele, que ainda relatou ter recebido uma carta de Zelensky na qual o líder ucraniano teria dito que “está pronto para se juntar à mesa de negociação o quanto antes”.

Imigração e diversidade

Os ataques mais ferozes de Trump ao longo do discurso foram às políticas de inclusão e diversidade e também aos imigrantes nos Estados Unidos.

Ele disse que sua administração está realizando “a maior repressão da fronteira e da imigração da história dos EUA”.

Ele também se vangloriou de extinguir diversos programas de diversidade e afirmou que agora o país será movido pela “meritocracia”.

“Acabamos com a tirania das chamas políticas de diversidade e inclusão em todo o governo federal, setor privado e militares dos Estados Unidos. Nosso país não será mais ‘woke’”, declarou ele, em referência ao termo na língua inglesa que vem sido usado para se referir de forma jocosa a políticas liberais.