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porto velho, domingo 24 de novembro de 2024
ARIQUEMES, RONDÔNIA - O julgamento de cinco acusados de estarem envolvidos nos assassinatos dos jovens Ruan Lucas Hildebrandt, de 18 anos, e Alysson Henrique de Sá Lopes, de 23, já dura mais de 72 horas. O tribunal do Júri iniciou na segunda-feira (23) e, no início desta quarta-feira (25), os cinco réus começaram a ser ouvidos pelo Júri popular no plenário da 1ª Vara Criminal do Fórum de Ariquemes (RO), no Vale do Jamari. O julgamento d eve se estender até a próxima sexta-feira (27).
Os crimes aconteceram entre o final entre o final de janeiro e início de fevereiro de 2016. O corpo de Alysson Henrique de Sá Lopes foi encontrado carbonizado dentre de um veículo próximo à fazenda onde ocorreu o crime. Já o corpo de Lucas Hildebrandt, não foi encontrado até hoje.
Conforme o Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO), o julgamento havia sido suspenso em agosto deste ano, após um dos advogados contratados para fazer a defesa de um dos réus não comparecer ao Fórum. Na época, o advogado foi punido por abandono de causa e teve uma multa estipulada em 60 salários-mínimos, o que equivale a R$ 56,2 mil.
Um novo advogado foi contratado pela parte ré e o Júri popular iniciou às 8h, de segunda-feira. Nos dois primeiros dias do julgamento, apenas as testemunhas foram ouvidas pelo Conselho de Sentença.
O processo contra os réus tramita em segredo de justiça e até o momento, a imprensa não foi autorizada a captar imagens do Júri.
Familiares dos réus compareceram durante todos os dias do julgamento e o plenário permaneceu lotado em todo momento.
Conforme o judiciário, entre os acusados estão o proprietário da fazenda e um amigo do fazendeiro responsável, o qual é o responsável por contratar os serviços de segurança clandestina. Além de um sargento da reserva, de 49 anos, lotado em Ji-Paraná (RO) e outros dois policiais do 7º Batalhão da Polícia Militar, lotados em Ariquemes e Cujubim.
Conforme as investigações, duas reintegrações de posse foram cumpridas pela Justiça na propriedade rural para que invasores, os quais pertenciam a grupos sem terras, deixassem a área, mas em ambas as ocasiões, a propriedade foi novamente invadida.
Por conta disto, o fazendeiro decidiu contratar um grupo de segurança privada clandestina, organizado por um amigo de infância, que era o presidente da Associação Rural de Ji-Paraná (RO).
O proprietário da fazenda ofereceu R$ 105 mil ao amigo para efetuar o trabalho e ele ficou responsável em contratar os policiais militares para proibir a aproximação ou entrada dos sem terras na localidade.
No dia 31 de janeiro ocorreu uma reintegração de posse na fazenda. No dia seguinte, um grupo de cinco rapazes foi até o local.
Eles deixaram o carro próximo a uma fazenda vizinha e foram até a propriedade para buscar alguns pertences, tendo em vista que eles não estavam no local no dia da reintegração e seriam parte integrante de um grupo que realizava invasões de terras na região.
No dia 1º de fevereiro de 2016, o corpo de uma pessoa foi encontrado carbonizado dentro de um automóvel incendiado no mesmo local do desaparecimento dos jovens. Após exames do Instituto Médico Legal (IML), o corpo foi identificado como o de Alysson Henrique.
Segundo a Polícia Militar (PM), as buscas por Lucas Hildebrandt iniciaram no dia 1° de fevereiro com auxílio da Força Tática, do Grupo de Operações Especiais (GOE), da aérea Falcão 02 e do grupo do canil do 2° BPM, de Ji-Paraná, além de apoio do Corpo de Bombeiros.
Entretanto, o jovem não foi encontrado pelos órgãos de segurança pública e as buscas foram suspensas quatro dias depois. O corpo de Lucas Hildebrandt não foi encontrado até hoje.
Os militares integrantes do grupo de vigilância clandestina que atuava na área, chegou a trocar tiros com a própria Polícia Militar. Na época, um arsenal de armas de fogo que pertenciam ao grupo foram encontrados dentro de uma caminhonete.