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porto velho, terça-feira 15 de julho de 2025
BRASIL: Quando a maioria das pessoas pensa em açúcar, provavelmente não está pensando na vida sexual, mas, sim, em sobremesas. O açúcar gera sensação de bem-estar no momento em que é consumido, mas com o tempo, seu excesso pode impactar em momentos mais íntimos da vida.
Em 2025, as injeções de GLP-1 (como Ozempic e Mounjaro) para ajudar a controlar o açúcar e perder peso ganharam popularidade. Essa nova classe de medicamentos ajudou muitas pessoas a conquistar ganhos significativos de saúde — incluindo melhora no açúcar no sangue, perda de peso — e até melhorias na vida sexual das pessoas (porque também podem estar dormindo melhor).
Mas também é preciso prestar mais atenção à causa raiz: o amor pelo açúcar e seus efeitos indiretos no humor, metabolismo, sexo e muito mais.
A maioria das pessoas associa açúcar no sangue ao diabetes, mas poucas sabem o que é “normal”.
Os níveis de açúcar no sangue podem ser verificados em tempo real com um simples furo no dedo, por meio de um monitor caseiro de glicose ou por dispositivos vestíveis como os monitores contínuos de glicose (aqueles aparelhos do tamanho de uma moeda que você pode ver no braço de algumas pessoas), que fornecem feedback dos níveis de glicose ao longo do dia.
O que é possível ver quando esse teste é feito? Confira, a seguir, a faixa de referência da Associação Americana de Diabetes para níveis de glicose no sangue. Esses números devem ser verificados por um médico qualificado para que o diagnóstico seja confirmado.
Açúcar no sangue em jejum (sem comer por pelo menos oito horas):
Açúcar no sangue aleatório (feito a qualquer hora do dia):
O teste rápido de glicose oferece um retrato momentâneo, mas há um exame laboratorial que conta toda a história — a hemoglobina glicada, ou hemoglobina A1c.
Esse exame de sangue mede a porcentagem de proteínas de hemoglobina no sangue que têm glicose ligada a elas — dando ao paciente e aos profissionais de saúde uma visão da média do açúcar no sangue nos últimos dois a três meses. Isso torna esse exame um indicador confiável de como o corpo lida com a glicose ao longo do tempo.
Veja como a Associação Americana de Diabetes classifica:
No trabalho como cirurgião, checar o A1c antes de qualquer procedimento — especialmente os que envolvem implantes — é prática padrão. Níveis elevados de A1c estão fortemente ligados a uma recuperação ruim, riscos de infecção e complicações cirúrgicas. Então, seja um grande procedimento urológico ou outro qualquer, manter o controle da glicose importa mais do que a maioria das pessoas imagina.
Saúde sexual raramente é a primeira coisa que as pessoas associam ao açúcar no sangue, mas níveis cronicamente elevados podem afetar a intimidade — para todos.
Nos homens, o açúcar alto pode danificar os nervos e vasos sanguíneos essenciais para conseguir e manter a ereção. Com o tempo, isso pode se manifestar como disfunção erétil, antes mesmo do diagnóstico ou suspeita de diabetes. O açúcar alto também pode reduzir os níveis de testosterona, diminuindo o desejo sexual e a energia.
Muitos dos pacientes que não fazem exames de rotina com seus médicos procuram ajuda por conta de mudanças no desempenho sexual — só para depois descobrirem que seu açúcar no sangue está descontrolado. Para esses pacientes, a primeira pista de que algo estava errado não foi sede, mudanças de peso ou cansaço (sintomas mais comuns e precoces do diabetes) — foi a dificuldade na cama.
Nas mulheres, o açúcar alto pode levar à redução do fluxo sanguíneo e desequilíbrios hormonais, causando secura vaginal, dor durante o sexo ou problemas para alcançar o orgasmo. Também pode aumentar o risco de infecções urinárias recorrentes, tornando a intimidade dolorosa ou menos atraente. Muitas mulheres ficam frustradas e confusas sobre se essas mudanças são normais por causa da idade, menopausa, estresse ou outro motivo. Um nível ruim de açúcar geralmente é a última coisa em que pensam.
O diabetes é extremamente comum — cerca de 38 milhões de americanos têm a doença — e quase 1 em cada 4 nem sabe disso, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA. No Brasil, estima-se que mais de 16 milhões de pessoas vivam com a doença, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes.
Tradicionalmente, o tratamento do diabetes começava com medicamentos orais como a metformina, que ajuda a reduzir o açúcar no sangue diminuindo a produção de glicose pelo fígado. Outras classes de remédios funcionam de formas diferentes, seja aumentando a liberação de insulina ou ajudando os rins a eliminar o excesso de açúcar. Esses medicamentos são geralmente indicados para pessoas em estágios iniciais do diabetes ou com A1c levemente elevada.
Medicamentos injetáveis podem ser necessários quando as pílulas orais não bastam para controlar a doença. Por anos, isso significou injeções diárias de insulina, que muitos pacientes consideravam incômodas, porém necessárias. A insulina precisa ser cuidadosamente sincronizada com as refeições, e a dosagem pode ser complicada. Há também o medo real de episódios de hipoglicemia (açúcar baixo), que pode deixar algumas pessoas receosas de começar ou manter o tratamento.
Nos últimos anos, os medicamentos agonistas do receptor GLP-1 passaram a fazer parte do tratamento de muita gente. Essa classe de remédios é conhecida por nomes como semaglutida, liraglutida e tirzepatida. Essas injeções imitam um hormônio natural do corpo que ajuda a regular o açúcar no sangue, desacelera a digestão e faz você se sentir saciado mais rápido.
Embora tenham sido originalmente desenvolvidos para tratar o diabetes tipo 2, ganharam destaque mundial por ajudar na perda de peso. De fato, muitos pacientes agora pedem e recebem esses medicamentos antes de qualquer outra opção — não só para controlar o açúcar, mas para emagrecer.
Esses medicamentos também podem ajudar a normalizar os níveis de testosterona em homens com obesidade ou diabetes tipo 2, segundo pesquisa preliminar apresentada no congresso anual da Endocrine Society esta semana.
Os pesquisadores acompanharam 110 homens que receberam injeções de GLP-1, mas não estavam fazendo terapia de reposição de testosterona. Ao longo de 18 meses, conforme os participantes perderam em média cerca de 10% do peso corporal, o número de homens com níveis normais de testosterona subiu de 53% para 77%. Esse aumento mostra como medicamentos originalmente criados para diabetes e emagrecimento também podem melhorar os níveis hormonais nos homens.
Embora esse estudo ainda não tenha sido revisado por pares e precise de mais pesquisas, esses resultados se somam a evidências crescentes de que controlar peso e açúcar no sangue pode ter efeitos em quase todos os aspectos da saúde — incluindo testosterona, energia e função sexual.