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porto velho, terça-feira 29 de julho de 2025
BRASIL: Durante o Julho Amarelo, mês voltado à prevenção das hepatites virais, especialistas reforçam um alerta que ainda recebe pouca atenção: infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) estão entre as principais causas evitáveis de infertilidade e, em muitos casos, evoluem sem sintomas perceptíveis.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), doenças como clamídia, gonorreia, sífilis e hepatites B e C podem causar inflamações internas que passam despercebidas e, ao longo do tempo, provocam lesões nas trompas, cicatrizes uterinas e prejuízos à produção e qualidade dos espermatozoides. A clamídia, por exemplo, está presente em até 40% dos casos de infertilidade tubária em mulheres.
O ginecologista Marcelo Ferreira, da Nilo Frantz Medicina Reprodutiva, destaca que essas infecções muitas vezes só revelam as consequências anos depois. “A maioria das ISTs que afetam a fertilidade não dá sinais evidentes, mas podem deixar sequelas anatômicas e funcionais importantes. Por isso, exames de rotina são indispensáveis, mesmo quando não há planos imediatos de gravidez”, diz o médico.
Ele ressalta que o país conta com ferramentas acessíveis para prevenção, como vacinas contra hepatite B e HPV, testagens gratuitas oferecidas pelo SUS e protocolos de tratamento eficientes. “Ainda falta consciência de que preservar a fertilidade também envolve medidas preventivas, e não só ações médicas quando o problema já está instalado”, reforça.
Segundo estudo publicado em junho de 2025 pelo Journal of Sexual and Reproductive Health, 1 em cada 5 jovens brasileiros não utiliza preservativo em relações casuais — aumentando o risco de contágio por ISTs silenciosas. Além disso, dados do Ministério da Saúde indicam que cerca de 30% dos adultos ainda não completaram o esquema vacinal contra a hepatite B.
Para quem pretende engravidar, o ideal é começar o pré-natal antes mesmo da concepção. “Essa preparação inclui testagens de ISTs, exames de imagem, avaliação sorológica e atualização vacinal. Esses cuidados fazem diferença tanto na chance de engravidar quanto na saúde do bebê e da gestação como um todo”, conclui Marcelo Ferreira.