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porto velho, sexta-feira 22 de agosto de 2025
BRASIL: A carne vermelha costuma marcar presença no prato do brasileiro, mas ao mesmo tempo em que desperta paixão, também levanta questionamentos sobre seus impactos na saúde. O consumo excessivo desse tipo de carne pode ser associado a uma série de doenças, o que leva algumas pessoas a considerarem reduzir ou até mesmo cortá-la da dieta. Mas, afinal, o que acontece com o corpo quando você para de consumir carne vermelha?
Os impactos podem ser benéficos, mas é preciso atenção para seguir esse caminho de forma segura. Isso significa planejar as substituições alimentares, buscar variedades de fontes de nutrientes e, quando necessário, contar com suplementação. Sem esses cuidados, a exclusão da carne vermelha pode resultar em carências nutricionais que afetam o metabolismo.
Um dos efeitos imediatos da redução da carne vermelha, principalmente cortes gordurosos como picanha, cupim e costela, é a diminuição do risco de doenças cardíacas, é o que afirma a nutricionista Gabriela Sales Magnani. De acordo com a especialista, o consumo excessivo de carne vermelha está associado à ocorrência dessas doenças.
“Isso acontece por conta do elevado teor de gorduras saturadas e colesterol. No caso das carnes de churrasco, por exemplo, que costumam concentrar ainda mais gordura e formar compostos nocivos em altas temperaturas, como as aminas heterocíclicas, o risco de doenças cardiovasculares e de câncer é ainda maior”, afirma a nutricionista.
Segundo Gabriela, outro ponto positivo é a prevenção do câncer colorretal. De acordo com a profissional, o alto consumo de carnes processadas como salsicha, bacon, presunto e mortadela também aumenta o risco de câncer colorretal.
Além disso, a especialista ainda afirma que a mudança no consumo de carne vermelha, especialmente a processada, auxilia também a saúde intestinal, já que favorece o crescimento de bactérias benéficas no intestino. “Substituir por leguminosas, vegetais e grãos integrais potencializa esses efeitos”, destaca Gabriela. A profissional ainda afirma que há impactos positivos na fertilidade e na redução de gordura corporal.
Apesar dos benefícios, cortar a carne vermelha da dieta não é sinônimo automático de saúde. Gabriela alerta que a decisão pode levar a deficiências nutricionais, principalmente quando não há substituições adequadas.
Para a especialista, a redução ou a ausência de consumo da carne vermelha leva à escassez de nutrientes como vitamina B12, o ferro, o zino, o selênio, o iodo, o cálcio e a vitamina D. A boa notícia é que esses nutrientes podem ser supridos por outras fontes, além de suplementos. “O importante é avaliar cada caso um profissional de nutrição ou um médico”, ressalta Gabriela.
Para Gabriela, a transição alimentar exige atenção às escolhas. A especialista destaca alguns alimentos que podem auxiliar nessa transição:
• Ovos, laticínios e proteínas magras, como peixes e aves, que garantem saciedade e qualidade nutricional.
• Leguminosas poderosas, como feijão, ervilha, lentilha e grão-de-bico, além da versatilidade da soja em suas formas (tofu, tempeh e edamame).
• Cereais nutritivos, como quinoa e amaranto, ricos em proteínas vegetais e fibras.
• Oleaginosas e sementes cheias de energia, como pistache, castanha de caju, nozes, sementes de abóbora, girassol e amêndoas.
Além dessa atenção às opções na hora da escolha do prato, Gabriela reforça que a redução ou eliminação da carne vermelha pode trazer inúmeros benefícios, mas não deve ser feita de forma desordenada. “A chave é o planejamento nutricional individualizado, com acompanhamento de um nutricionista, para ajustar a dieta”, conclui a especialista.