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porto velho, sexta-feira 5 de dezembro de 2025

A alegria e o bem-estar proporcionados por ter um cachorro de estimação já são conhecidos pela ciência. Agora, pesquisadores da Universidade Azabu, no Japão, apontam um motivo para que isso aconteça: os cães provocam mudanças na composição da microbiota que vive dentro e sobre o corpo humano, de maneira a melhorar a saúde mental, sobretudo, dos adolescentes.
"Criar cães tem efeitos benéficos, especialmente para adolescentes, e esses efeitos podem ser mediados pela simbiose com microrganismos", afirma o autor Takefumi Kikusui.
Em trabalhos anteriores, a equipe de Kikusui descobriu que jovens que crescem com um cachorro desde cedo e continuam tendo um cão na vida adulta apresentam pontuações mais altas em medidas de companheirismo e apoio social. Outros estudos revelaram que donos desses animais também apresentam diferenças no microbioma.
"Adolescentes que têm cães apresentam maior bem-estar mental, e também descobrimos que a posse de um cão altera a microbiota intestinal", disse Kikusui. "Como a microbiota intestinal influencia o comportamento por meio do eixo intestino-cérebro, realizamos este experimento."
Os pesquisadores descobriram que o fato de uma pessoa ter um cachorro aos 13 anos permitia estimar seus índices de saúde mental e comportamento. Problemas sociais foram significativamente menores em adolescentes que tinham um cão em casa em comparação com aqueles que não tinham.
Em seguida, analisaram amostras do microbioma coletadas da boca. Após o sequenciamento dos microrganismos, encontraram diversidade e riqueza de espécies semelhantes entre os dois grupos de adolescentes avaliados. No entanto, a composição do microbioma apresentou diferenças, sugerindo que a presença de um cachorro alterava a abundância de bactérias orais específicas. Eles levantaram a hipótese de que alguns desses microrganismos poderiam estar correlacionados com os resultados dos testes psicológicos dos jovens.
Testando a hipótese
Para testar essa hipótese, os pesquisadores trataram camundongos de laboratório com a microbiota de adolescentes donos de cães para verificar se e como isso afetava o comportamento social. Os ratos que passaram por esse processo ficaram mais tempo cheirando seus companheiros de gaiola. Os animais também demonstraram uma abordagem mais social em relação a um colega que estava preso, um teste comportamental normalmente usado para avaliar o comportamento pró-social nesses bichos.
"A descoberta mais interessante deste estudo é que bactérias que promovem a prosocialidade, ou empatia, foram encontradas no microbioma de adolescentes que têm cães", disse Kikusui. "A implicação é que os benefícios de ter um cão incluem proporcionar uma sensação de segurança por meio da interação, mas acredito que também tenha valor em seu potencial para alterar a comunidade microbiana simbiótica."