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    porto velho, quinta-feira 11 de dezembro de 2025

Tratamento inovador aumenta chances de transplante de medula em idosos

Abordagem desenvolvida por brasileiros em parceria com universidade norte-americana é menos tóxica para pacientes com leucemia mieloide...


CNN

Publicada em: 10/12/2025 10:48:05 - Atualizado

Um estudo brasileiro avaliou um novo regime de preparação para transplantes em pacientes com 60 anos ou mais. A abordagem inovadora é considerada menos tóxica para os idosos, aumentando as possibilidades de tratamento de leucemia mieloide aguda e síndrome mielodisplásica para essa população.

O trabalho foi apresentado por pesquisadores do Einstein Hospital Israelita durante a Reunião Anual da ASH (Sociedade Americana de Hematologia), que aconteceu em Orlando, Flórida, nos Estados Unidos, entre os dias 6 e 9 de dezembro.

A nova estratégia utiliza radiação direcionada à medula óssea combinada com quimioterapia de intensidade reduzida em pacientes idosos com leucemia mieloide aguda ou síndrome mielodisplásica.

Para realizar o estudo, foram selecionados 28 pacientes, muitos deles ainda doentes no momento do transplante. Segundo o estudo, os pacientes idosos submetidos a essa nova abordagem tiveram uma taxa de sobrevida de 50% em dois anos e taxas relativamente baixas de complicações graves.

Segundo Nelson Hamerschlak, coordenador do Departamento de Hematologia do Einstein, o transplante de medula óssea em idosos é considerado um tratamento de risco, pois aumenta as chances de complicações e de óbito -- principalmente, devido ao uso de altas doses de quimioterapia ou radioterapia associado ao procedimento.

"Por isso, há alguns anos, estabeleceu-se um novo tipo de transplante com toxicidade reduzida, que faz com que você utilize menos doses [de quimio ou radio] para tratar o idoso. Mas, ao utilizar menos doses, você tem mais chance de recidiva, ou seja, da doença voltar ou mesmo de o paciente ser refratário [não responder ao tratamento]", explica Hamerschlak à CNN Brasil.

"O que nós estamos procurando é o melhor esquema para fazer um bom condicionamento, ou seja, o preparo para o transplante em um idoso", completa.

Em parceria com a Case Western University, de Ohio, nos Estados Unidos, o Einstein Hospital Israelita desenvolveu uma tecnologia chamada irradiação medular total, em que a radiação é voltada especificamente para a medula óssea, deixando de afetar outros órgãos vitais no idoso.

"Utilizando um esquema de toxicidade reduzida com quimioterapia e irradiação medular total, nós vimos que em pacientes com leucemia mieloide aguda acima de 65 anos houve uma taxa de resposta de mais de 50% de cura, o que é um dado incrível para esta idade", afirma Hamerschlak.

O que é leucemia mieloide aguda e síndrome mielodisplásica?

A leucemia é um tipo de câncer que envolve as células sanguíneas, principalmente os glóbulos brancos, mas podendo afetar também as plaquetas e os glóbulos vermelhos.

A doença pode ser classificada em aguda (crescimento rápido) ou crônica (crescimento lento) e, também, pelo tipo de célula acometida pelo câncer (linfoide ou mieloide). A leucemia mieloide aguda é mais comum em adultos e tem crescimento rápido.

O tratamento para leucemia varia de acordo com o tipo do câncer. No geral, o objetivo é destruir as células anormais para que a medula volte a produzir células saudáveis.

Na leucemia mieloide aguda, é indicada a indução de remissão com quimioterapia e consolidação com quimioterápicos não utilizados anteriormente, com manutenção feita em casos específicos. Em alguns casos com maior risco de complicações graves, pode ser necessário o transplante de medula óssea.

Já a síndrome mielodisplásica é um grupo de distúrbios relacionados nos quais as células formadoras de sangue anormais se desenvolvem na medula óssea, interferindo na produção das células sanguíneas saudáveis.

Posteriormente, essas células podem se tornar cancerosas, transformando-se em uma forma de leucemia.

O tratamento também envolve quimioterapia e, em alguns casos, transplante de medula óssea.

*A jornalista Gabriela Maraccini viajou para Orlando, Flórida, nos Estados Unidos, a convite da Johnson & Johnson


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