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porto velho, quinta-feira 28 de novembro de 2024
BRASIL: Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) confirmou, através de uma sequência de experimentos, que a irisina, uma substância liberada pelo tecido muscular durante a prática de atividade física, é a mais recente esperança da ciência para a proteção dos rins de pessoas diabéticas dos danos causados pela progressão da doença.
Também conhecida como hormônio do exercício, ela é considerada pelos cientistas como um dos principais mensageiros químicos responsáveis pela longa lista de benefícios proporcionados pela atividade física regular ao organismo humano.
O estudo, publicado na revista Scientific Reports, apontou pela primeira vez de que maneira ela pode prevenir os estragos renais produzidos pelo diabetes. Silenciosa, a doença atinge entre 20% e 40% dos diabéticos. Ao provocar danos nos vasos sanguíneos, artérias e veias que irrigam os rins, conduz à insuficiência renal crônica.
“Nós constatamos que o exercício aeróbico está associado a um aumento da irisina muscular na circulação sanguínea e também nos rins, conferindo nefroproteção”, explica o médico José Butori Lopes de Faria, do Laboratório de Fisiopatologia Renal e Complicações do Diabetes da Faculdade de Ciências Médicas (FCM-Unicamp) e orientador de Guilherme Pedron Formigari, primeiro autor do estudo.
Os pesquisadores avaliaram o soro humano (sangue centrifugado, sem os glóbulos vermelhos) de diabéticos exercitados e sedentários. Nas amostras de quem se manteve em atividade, a irisina encontrada protegeu o rim e reduziu a lesão das células tubulares expostas a alta concentração de glicose.
Identificada por biólogos da Universidade de Harvard (Estados Unidos) há uma década, a irisina tem sido alvo de muitos estudos que visam desvendar seus mecanismos de ação.
Pesquisas com roedores já mostraram, por exemplo, que esse hormônio também é importante para a formação da memória e a proteção dos neurônios em roedores com enfermidade semelhante ao Alzheimer, entre outros benefícios.
A versão sintética da irisina já começou a ser testada em voluntários. Em teoria, sua principal virtude é, diferentemente dos medicamentos hoje disponíveis para contornar o excesso de peso, não mexer com quaisquer mecanismos do cérebro.