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porto velho, quarta-feira 27 de novembro de 2024
BRASIL: Pelo menos 50% da população mundial adulta relata ao menos um episódio de dor de cabeça por ano, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde). Os tipos de cefaleia podem ter muitas origens, desde falta de sono até problemas neurológicos.
A OMS classifica três condições como as que mais merecem atenção dos responsáveis por saúde pública: enxaqueca, cefaleia tensional e cefaleia por abuso de medicamentos.
Esses três tipos são responsáveis por altos níveis de incapacidade produtiva e problemas de saúde na população. Sendo que a enxaqueca é apontada pela agência sanitária como a segunda causa de anos vividos com incapacidade para a população em geral e a primeira em indivíduos com menos de 50 anos.
Muitas pessoas têm dificuldade para saber as diferenças entre a enxaqueca e os outros tipos de dores de cabeça.
"Devemos suspeitar quando o paciente tem a dor de cabeça recorrente, periódica, de moderada a intensa. Geralmente, ela é unilateral, mas pode ser bilateral, dos dois lados da cabeça. Geralmente, ela tem o caráter pulsante", explica o médico Alex Baeta, neurologista da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
A sensibilidade à claridade também caracteriza o problema. "A pessoa pode apresentar sintomas associados, como fotofobia, que é a intolerância à luz; intolerância ao barulho, que é a fonofobia; náuseas, vômitos, tontura e vertigem, que são as auras mais comuns", complementa Baeta.
A enxaqueca pode ser com ou sem auras. Segundo definição do Manual MSD de Diagnóstico e Tratamento, as auras "precedem as crises em cerca de 25% dos pacientes".
"Elas são transtornos neurológicos temporários que podem afetar os sentidos, equilíbrio, coordenação muscular, fala ou visão", descreve o guia médico.
Esses sintomas precedem as crises, mas podem também permanecer após o início da cefaleia. A duração varia de minutos a uma hora.
Um artigo da publicado na The Lancet Neurology de novembro cita que 14% da população mundial têm enxaqueca ativa e 4,6% têm dor de cabeça crônica. O mal afeta ainda cerca de 5% das crianças, sendo que meninos e meninas são atingidos da mesma forma.
No caso dos adultos, a enxaqueca atinge cerca de 19% das mulheres e 9% dos homens com idades entre 20 e 64 anos.
Tanto em mulheres quanto em homens, a prevalência de enxaqueca atinge o pico entre 20 e 40 anos de idade e, portanto, tem o maior efeito quando muitas pessoas são socialmente mais ativas e trabalham mais intensamente.
"Sabemos que a mulheres têm mais enxaqueca do que homens por questões hormonais. Sabemos também que a enxaqueca pode piorar no ciclo menstrual ou pré-menstrual. Na verdade, também por influências hormonais. Geralmente, ela costuma melhorar quando a paciente entra na menopausa", destaca o neurologista.
A enxaqueca está entre as doenças que não têm cura, e o diagnóstico é feito por meio de análise clínica. O neurologista é o profissional mais indicado para fazer o tratamento.
"Não tem exame que seja comprovatório. Fazemos, sim, na investigação inicial uma ressonância, [ou] tomografia, da cabeça para saber se aquela dor de cabeça não é por outro motivo que não enxaqueca. A enxaqueca é sempre um diagnóstico de exclusão", detalha o médico.
Apesar de muitos estudos, ainda não se conhece a causa efetiva da doença, existem alguns fatores que influenciam o problema, como histórico familiar, o consumo de alguns alimentos, como café, chocolate ou produtos gordurosos.
"Muito ainda permanece desconhecido sobre a enxaqueca. Existem algumas teorias, coisas que sabemos que estão associadas, mas exatamente todos os motivos, o trajeto para que isso aconteça no indivíduo, não sabemos", diz Baeta.
O tratamento é feito em duas fases, uma no momento da crise e outra na prevenção.
"Primeiro fazemos tratamento agudo, quando o paciente está com uma crise. Então precisamos tirá-lo dessa crise álgica. Depois, existe o tratamento preventivo, ou seja, para aqueles pacientes que têm mais de quatro ciclos de dor de cabeça no mês", orienta o neurologista.
Os cuidados preventivos se justificam quando o paciente que tem pelo menos uma crise por semana.
"Existe uma série de medicações que se usamos como profiláticos, que são o propranolol, isoprolol, metoprolol. Além dos anticonvulsivantes, que é o topiramato. Nos mais jovens, podemos receitar remédios que se usam para tontura, vertigem e até usar alguns depressivos triciclícos", diz o médico.
No caso da crise os medicamentos mais usados são os analgésicos, associados a anti-inflamatórios não hormonais.
"Podemos ainda orientar o paciente para que ele evite tudo o que tem gatilho que faça com que ele piore. Ás vezes, alimentos, às vezes insônia", finaliza o médico.