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porto velho, quarta-feira 27 de novembro de 2024
BRASIL: A síndrome do túnel do carpo é uma condição que pode ser dolorosa e incapacitante. Estima-se que afete entre 3% e 6% da população adulta. Os únicos tratamentos disponíveis são o uso de medicamentos, fisioterapia ou a cirurgia, mas uma nova técnica desenvolvida por pesquisadores na Índia pode mudar este cenário.
Pessoas que sofrem com a síndrome do túnel do carpo têm a compressão do nervo mediano na região do pulso. Os principais sintomas incluem formigamento dos dedos, dor e, em casos mais graves, perda da força da mão.
Agora, pesquisadores na Índia criaram um método minimamente invasivo que promete aliviar completamente e a longo prazo os sintomas da síndrome do túnel do carpo.
Os resultados do trabalho foram apresentados nesta quarta-feira (30) na reunião anual da Sociedade Radiológica da América do Norte.
A técnica, chamada hidrodissecção, consiste na injeção de um líquido – normalmente uma solução salina, diretamente no nervo para separá-lo do tecido circundante. Os médicos utilizam equipamento de ultrassom para identificar com precisão o local.
"Anteriormente, os estudos realizados sobre hidrodissecção guiada por ultrassom para síndrome do túnel do carpo usaram corticosteroides isoladamente ou como parte da injeção, tornando difícil avaliar se a hidrodissecção isolada foi benéfica ou se foi devido ao efeito dos esteroides", afirma em comunicado a principal autora do trabalho, Anindita Bose, do Faculdade Universitária de Ciências Médicas e do Hospital Guru Teg Bahadur, em Nova Déli.
No estudo, a equipe de Anindita selecionou 63 pacientes diagnosticados com síndrome do túnel do carpo. Eles foram divididos em três grupos.
O primeiro grupo foi tratado com a hidrodissecção guiada por ultrassom com apenas uma injeção de solução salina.
O segundo, com a mesma técnica, mas com aplicação também de corticosteroide. O terceiro, apenas uma injeção de corticosteroide, sem a hidrodissecção.
Os participantes foram acompanhados por 12 semanas, sendo que os dois primeiros grupos relataram melhora da dor. Os que receberam somente corticosteroides reportaram recorrência dos sintomas.
Exames de ultrassom realizados posteriormente mostraram uma redução significativa da área de secção transversa do nervo mediano em ambos os grupos de hidrodissecção.
O grupo um apresentou uma redução de 43%; o grupo dois, 46%; e o grupo três apresentou apenas uma redução de 11%.
Os autores do trabalho salientam que o tratamento dura entre 10 e 15 minutos e é econômico, por não exigir nenhum equipamento de última geração.
"Foi uma surpresa agradável quando esse procedimento simples de hidrodissecção guiada por ultrassom proporcionou aos pacientes um alívio de longo prazo”, disse o coautora do trabalho, a professora Anupama Tandon, da Faculdade Universitária de Ciências Médicas e do Hospital Guru Teg Bahadur.
Segundo ela, "os pacientes ficaram muito satisfeitos, pois o custo foi baixo, não houve necessidade de anestesia ou internação e eles puderam voltar em uma hora e retomar seu trabalho de rotina".